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Liberdade de expressão pra quem?

Liberdade de expressão pra quem?

Liberdade de expressão pra quem?

É importante lembrar que crime antecede seu direito de liberdade! Quando a sua opinião tem por si só um debate imaginário centrado em um projeto de genocídio em massa, sua condição enquanto um ser pensante e que questiona deixa de ser expressão pra se tornar a legitimação do ódio…

Por Ágata Pauer

Lembrem-se que discursos também são matrizes que condenam determinados corpos a morte e tortura.

O discurso é um campo de narrativa, linguagem e estética. Existe um campo de batalha, as disputas ideológicas interferem diretamente em nossos comportamentos.

Por isso é que opiniões estruturam ações. A opinião não vem carregada de “achismos”, e muito menos de embasamento.

Essa opinião nazista vem carregada de estruturas sociais dominantes! Uma visão de mundo colonial, implementada até os dias de hoje.

O que se torna materializado no campo verbal são apenas pactos de preservação do poder e do holocausto.

Pensamento também é político, assim como política também se estreita ao pensamento!

Incentivar o ódio, tortura e morte não é “liberdade de expressão”, talvez até seja para um corpo como o do Monark (homem cis branco hétero) já que fora ensinado e moldado a visualizar a lógica de que o seu privilégio vem antes de qualquer crime que cometa e que, por isso, não há punição.

Ou seja, existe um outro debate: a quem é dado o direito de “liberdade de expressão”? Quem tem o direito de expressar algo, e inclusive ser escutado?

Logo, por entender que o mundo se dinamiza a partir do seu poder enquanto engrenagem branca, não há possibilidade de intervirem a sua liberdade de fazer o que quiser, e quando quiser.

Para o corpo que é conduzido a performar o senhor de engenho, a falta de liberdade é daquele que ousar em problematizar e criminalizar os seus comportamentos.

http://xapuri.info/a-liberdade-que-mora-na-verdade/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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