Chomsky: “Lula é o principal preso político do mundo“
Em entrevista à revista Jacobin Brasil, durante visita a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chomsky destacou que as reportagens da série da Vaza Jato “deixaram absolutamente claro que o juiz Moro era tudo menos um herói, ao contrário do que foi apresentado pela imprensa”. Ele lembrou que o então juiz sugeriu ao procurador Deltan Dallagnol que desse prosseguimento à denúncia contra Lula, mesmo não havendo provas suficientes para fundamentar a denúncia. “Quanto mais a corrupção de Moro é exposta, mais ele lança ataques para poder suprimi-la, mostrando o quão corrupto ele é — e fica mais claro o profundo ataque a democracia brasileira.”
Chomsky comparou a prisão de Lula à do filósofo comunista italiano Antônio Gramsci, “silenciado” pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ele também destacou a estratégia de “demonização e vilanização da esquerda” através da difusão em massa de mentiras pelas das redes sociais, em especial o WhatsApp, em benefício de partidos e políticos de extrema-direita, seja no Brasil, na Alemanha, ou mesmo nos Estados Unidos.
“É exatamente isso que o golpe de direita fez no Brasil. No último verão, ficou claro que se Lula pudesse aparecer publicamente, ele ganharia as eleições. Então, era preciso fazer algo contra ele, colocá-lo em confinamento solitário, impedi-lo de fazer qualquer comunicação. Depois veio a campanha das redes sociais, grotesca, e é uma tendência que vai acontecer cada vez mais no mundo”, afirmou o linguista.
Lacaio dos EUA
Sobre a retórica belicista de presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra a Venezuela, Chomsky afirmou que ele apenas segue, “como um mero lacaio”, as ordens dos Estados Unidos. Também declarou que as sanções norte-americanas impostas contra o governo de Nicolás Maduro, “tornaram a crise venezuelana uma catástrofe”, provocando a morte de dezenas de milhares de pessoas.
Ele comparou as ações contra a Venezuela ao cerco de seis décadas movido pelos Estados Unidos contra Cuba – desde o bloqueio econômico a ações tipicamente terroristas – após a Revolução de 1959, já que o “o sucesso de Cuba faria todo o sistema de dominação de Washington na América Latina erodir”. “Cuba é uma das vítimas. A Venezuela é outra. E Bolsonaro parece simplesmente seguir as ordens de Trump, então ele simplesmente segue as instruções que lhe são passadas.”
Fonte: RBA