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Chomsky: “Lula é o principal preso político do mundo”

Chomsky: “ é o principal preso político do

Renomado intelectual norte-americano afirmou que Moro é “tudo menos um herói”, e ataca a a cada divulgação dos seus atos de
 
 
O linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky afirmou que os diálogos entre integrantes da Operação Lava Jato, divulgados pelo site The Intercept Brasil, em parceria com outros veículos da imprensa tradicional, revelam “esforços corruptos” do então juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça, para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “o principal preso político do mundo”, enquanto agia para proteger outro ex-presidente. “A insistência de evitar que FHC fosse investigado, enquanto fabricava acusações contra Lula, é uma coisa muito grave. Por isso, segundo qualquer parâmetro, Lula é um preso político, o principal preso político do mundo”, afirmou.

noam chomsky

Em entrevista à revista Jacobin Brasil, durante visita a Pontifícia Católica de (PUC-SP), Chomsky destacou que as reportagens da série da Vaza Jato “deixaram absolutamente claro que o juiz Moro era tudo menos um herói, ao contrário do que foi apresentado pela imprensa”. Ele lembrou que o então juiz sugeriu ao procurador Deltan Dallagnol que desse prosseguimento à denúncia contra Lula, mesmo não havendo provas suficientes para fundamentar a denúncia. “Quanto mais a corrupção de Moro é exposta, mais ele lança ataques para poder suprimi-la, mostrando o quão corrupto ele é — e fica mais claro o profundo ataque a democracia brasileira.”

Chomsky comparou a prisão de Lula à do filósofo comunista italiano Antônio Gramsci, “silenciado” pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ele também destacou a estratégia de “demonização e vilanização da esquerda” através da difusão em massa de mentiras pelas das redes sociais, em especial o WhatsApp, em benefício de partidos e políticos de , seja no Brasil, na Alemanha, ou mesmo nos .

“É exatamente isso que o golpe de direita fez no Brasil. No último verão, ficou claro que se Lula pudesse aparecer publicamente, ele ganharia as eleições. Então, era preciso fazer algo contra ele, colocá-lo em confinamento solitário, impedi-lo de fazer qualquer . Depois veio a campanha das redes sociais, grotesca, e é uma tendência que vai acontecer cada vez mais no mundo”, afirmou o linguista.

 

Lacaio dos EUA

Sobre a retórica belicista de presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra a Venezuela, Chomsky afirmou que ele apenas segue, “como um mero lacaio”, as ordens dos Estados Unidos. Também declarou que as sanções norte-americanas impostas contra o governo de Nicolás Maduro, “tornaram a crise venezuelana uma catástrofe”, provocando a morte de dezenas de milhares de pessoas.

Ele comparou as ações contra a Venezuela ao cerco de seis décadas movido pelos Estados Unidos contra Cuba – desde o bloqueio econômico a ações tipicamente terroristas – após a Revolução de 1959, já que o “o sucesso de Cuba faria todo o sistema de dominação de Washington na erodir”. “Cuba é uma das vítimas. A Venezuela é outra. E Bolsonaro parece simplesmente seguir as ordens de Trump, então ele simplesmente segue as instruções que lhe são passadas.”

Fonte: RBA

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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