Lula: “Estado palestino viável” e atuação do Brics pela paz

pede “ palestino viável” e que países do Brics atuem pela paz

Presidente cobrou proteção de , e idosos e pediu imediatismo da resolução aprovada na ONU, durante Cúpula Virtual Extraordinária do Brics

Por Murilo da /Portal Vermelho

Nesta terça-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da Cúpula Virtual Extraordinária do Brics. Na sua fala o presidente destacou o apelo pela paz no conflito entre e Palestina e condenou, novamente, os ataques do Hamas em 7 de outubro, destacando que os atos que iniciaram a não justificam o uso de força desproporcional contra os civis palestinos como se viu posteriormente. Além disso, pediu a liberação de todos os reféns imediatamente e falou sobre a necessidade de reforma no Conselho de Segurança da ONU.

“Em várias ocasiões, reiteramos o chamado pela liberação imediata e incondicional de todos os reféns. No entanto, atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis. Estamos diante de uma catástrofe humanitária. Os inocentes pagam o preço pela insanidade da guerra, sobretudo mulheres, crianças e idosos”, falou Lula.

Papel dos Brics

Ao Brics, grupo formando por , Rússia, Índia, China e África do Sul, que a partir de 2024 terá 11 membros com a adesão de Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, Lula reforçou a contribuição que devem dar para a resolução do conflito.

“Devemos atuar para evitar que a guerra se alastre para os países vizinhos. É valiosa e imprescindível a contribuição do Brics, em sua nova configuração, junto a todos os atores em favor da autocontenção e da desescalada”, disse. 

Solução

Durante a reunião, o presidente brasileiro chamou atenção para assentamentos israelenses irregulares na Cisjordânia e colocou que a solução para o fim da guerra é o reconhecimento do Estado palestino com respeito às suas fronteiras e de um Estado de israelense com fronteiras seguras.

 “O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. Precisamos retomar com a maior brevidade possível o processo de paz entre Israel e a Palestina”, afirmou.

ONU

Lula lamentou as ocasionadas pelo conflito que já vitimaram 12 mil pessoas, sendo 5 mil crianças, além de 29 mil feridos e 3.750 desaparecidos. A consternação se deve ao fato de que o Conselho de Segurança da ONU tenha aprovado uma resolução somente 40 dias após o início das agressões.

“O Brasil não poupou esforços em favor do tratamento da emergência humanitária, da contenção da atual escalada e da retomada de uma solução duradoura para o conflito. Propusemos uma Resolução que contou com apoio da maioria dos membros, mas que infelizmente foi objeto de veto de um dos membros permanentes. A paralisia do Conselho é mais uma demonstração da urgência da sua reforma”, apontou.

No entanto, focou que agora – com a resolução aprovada em 15 de novembro com foco na proteção infantil, proposta por Malta e que teve o apoio do Brasil – a trégua humanitária seja imediata e duradoura.

*Com informações Planalto e Agência Brasil

Fonte: Portal Vermelho Capa: Ricardo Stuckert/PR


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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