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O filho de dona Lindu e o bisavô de Ana Lua

O filho de dona Lindu e o bisavô de Ana Lua 

Da numerosa família Silva, aí está ele na entrevista, não direi de corpo inteiro, porque ele não cabe em entrevista alguma, nem em biografia, tal a sua vida. De peito aberto, isto sim. Com o caráter que não há jornalista da velha mídia que encare, com a presença moral que faz com que todos os outros pareçam minúsculos diante dele.

Por Emir Sader 

Filho da dona Lindu, a presença determinante na formação do seu caráter. Ele, que considera que as mulheres são muito superiores aos homens: é às mães que os filhos apelam quando precisam de alguma coisa, todos nós, homens, também apelamos sempre para eles para resolver nossos problemas. São elas que seguram as petecas das casas. A imagem da dona Lindu ficou permanentemente para ele como referência de ser humano de valor, de temperamento, de tenacidade, de amor.

Ana Lua é a primeira bisneta, que nasceu 15 dias depois da morte de dona Marisa. Ele disse, naquele momento, que havia perdido a companheira da sua vida, mas que havia ganhado uma menina para amar por toda a vida. Com ela no colo, olhando os dois um nos olhos do outro, são a própria imagem do presente e do futuro. Ele passou a tomá-la como interlocutora, quando diz que não teria coragem de olhar nos olhos dela, se estivesse mentindo hoje para o povo, e não teria o que dizer a ela, com 10 anos, se ela o interpelasse, dizendo que ele não teria agido com a coragem necessária na situação atual.

Aí está ele, com a calma e a coragem dos grandes, dos que têm certeza de que encarna o que o precisa para sair da crise. Com paciência de Jó, respondendo às perguntas clichês que os editores impõem aos jornalistas, como condição de entrevistar o Lula e dar-lhe a palavra. Como sempre, como aconteceu com os juízes a quem ele declarou, os jornalistas também se sentem pequenos, complexados.

Pois é esse homem que acumulou, graças a seu caráter, à experiência acumulada ao longo das lutas e à sua inteligência, a melhor capacidade de reflexão estratégica sobre o Brasil. A versão integral da entrevista – o jornal censurou, pela edição, partes importantes, que podem ser lidas integralmente na internet – traz reflexões que comprovam porque Lula é o único grande líder político nacional e de massas no Brasil deste século.

Um dos exemplos é a clareza com que ele reitera – a contracorrente de alguns pré-candidatos que pretendem estar no campo da , mas que questionam a divisão entre e esquerda e se abrem para uma “terceira via” – como um candidato de direita, para vencer hoje no país, precisa contar indispensavelmente com os tucanos. Assim como um candidato de esquerda necessita contar inevitavelmente com o PT.

Da mesma forma que ele recorda a proposta que ele fez, na Colômbia, a Eduardo Campos, para ser o vice da Dilma em 2014, com o que, como diz ele, hoje seria o candidato do próprio PT e da esquerda. Proposta rejeitada.

Lula acumulou uma visão da história recente do Brasil, que lhe permite compreender não apenas o que aconteceu, com as potencialidades do presente e suas projeções para o futuro. Admiram sua calma, que se dá justamente por essa compreensão, que falta aos outros pré-candidatos. Enquanto ele é candidato pelo Brasil, outros o são por seus partidos ou por eles mesmos.

Por isso a imagem do Lula se projeta de maneira tão superior a todos os outros. Porque ele revela sua generosidade em relação aos que o criticam, demonstra como está por acima dos conflitos menores que permeiam a esquerda, se dirige de maneira elegante aos outros, sabe que ele representa a esquerda como um todo e não é apenas mais um na disputa.

Dona Lindu e Analua o acompanham por onde quer que ele vá. Junto com todos nós.

Emir Sader – Sociólogo. Autor do livro “O Brasil que queremos”.

#LulaLivre

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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