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Lula: Meu maior legado foi levar os mais pobres à universidade

: Meu maior foi levar os mais pobres à

Na UFRB, Lula dedicou o título Honoris Causa a cada negro e negra que se formou na Universidade, e falou que sua felicidade é ver o filho do trabalhador virar doutor
 

No segundo dia do projeto Lula pelo , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da visitou a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Lula receberia um título Honoris Causa, mas a entrega foi barrada pela , em mais um episódio de perseguição ao lider político. “Fico triste por não ganhar o título, mas fiquei sabendo que tem uma filha de que conseguiu chegar na universidade. Quando ela se formar e ganhar seu diploma, esse será meu título”, afirmou ele.

Lula dedicou o título a cada negro e negra que se formou na universidade. “Um pouco do sucesso da política e do acerto econômico é você ter consciência política de que lado você está”, disse.

Ele falou da felicidade ao ver filhos de se formando no ensino superior. Para o ex-presidente, o maior legado que ele poderia ter deixado para o país foi fazer com que os jovens que nasceram pobres pudessem chegar à Universidade. “Vocês não sabem a minha felicidade ao ver que um filho de pedreiro virou doutor ou uma filha de empregada doméstica virou médica”, disse.

“Eu tinha uma mãe analfabeta e a coisa que ela mais queria me dar era a dignidade de ter uma profissão”, disse ele. “De ganhar meu próprio salário, de levar pra casa, de sustentar a família.” Lula lembrou que foi o primeiro presidente que não fez faculdade, mas foi o que mais ganhou título de doutor honoris causa. “Eu digo pra vocês: guardem o meu título, que eu virei aqui pela quinta vez para receber meu título”, afirmou.

O ex-presidente também falou da destruição que o governo golpista tem feito com o país. “Se esse governo que está destruindo o país e acabando com a auto-estima do não sabe consertar o Brasil, nós vamos consertar”, disse. “Eles precisam aprender que não é possível governar sem ouvir e sem olhar na cara do povo.”

“Ninguém governa comprando deputado, ninguém governa cortando investimento na saúde e na educação”, disse. Para Lula, o país só voltará a ser competitivo quando a educação não for um privilégio, mas um direito de todos. “Se os políticos que têm diploma não sabem governar, talvez seja necessário um torneiro mecânico voltar a governar”, concluiu.

Fonte: PT Notícias

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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