Macaé Evaristo: trajetória na educação e a luta por igualdade racial
Mineira de São Gonçalo do Pará, Macaé Maria Evaristo dos Santos, 59 anos, é formada em Serviço Social pela PUC-Minas e mestre em Educação pela UFMG. Exerce atualmente o mandato de deputada estadual em Minas Gerais, após ter sido vereadora de Belo Horizonte.
Foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo de secretária de Educação de Belo Horizonte (2005-2012) e do estado (2015-2018), destacando-se por sua atuação na promoção de políticas públicas inclusivas.
Sua atuação pedagógica começou em 1984, na rede municipal de Belo Horizonte, onde ela associou a luta por educação ao combate ao racismo.
“Eu cheguei a Belo Horizonte e fui trabalhar no bairro Tupi, que é a região com o menor IDH da cidade. As famílias dormiam na fila para garantir uma vaga para as crianças aos sete anos. Isso me motivou muito. Comecei a participar do movimento popular, era uma luta por moradia associada à luta por acesso à educação”, contou Macaé em entrevista à “Campanha de Mulher”, da Mídia Ninja e Ella, em 2018.
Trajetória de lutas
Com uma carreira marcada pela defesa da educação como ferramenta de inclusão, Macaé foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão no Ministério da Educação, durante o governo Dilma Rousseff, entre 2013 e 2014.
Durante esse período, ela coordenou a implantação de cotas raciais e o ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior.
Durante seu mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Macaé Evaristo foi uma crítica ativa da política educacional promovida pelo governador Romeu Zema (Novo) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista à Fundação Perseu Abramo, ela apontou que a proposta de escolas cívico-militares representava uma forma de repressão às populações marginalizadas. “É uma escola construída em uma égide autoritária, repressora, para as camadas populares, que inclusive atenta contra meninas negras que não podem usar o cabelo black”, afirmou.
Macaé é prima da escritora Conceição Evaristo, membro da Academia Mineira de Letras, e juntas brincam sobre a confusão causada por seu parentesco. “Eu realmente vi a Macaé nascer, mas ela é minha prima, não minha filha”, disse Conceição em um vídeo compartilhado no Instagram.
Macaé Evaristo foi indicada à Lula pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e aceitou o convite para assumir o Ministério dos Direitos Humanos, com o compromisso de permanecer no cargo até o final do governo, abrindo mão de sua reeleição como deputada estadual para 2026.
Prioridades na gestão
Após ser anunciada como ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, a deputada estadual Macaé Evaristo (PT-MG) destacou, na segunda-feira (9), as principais prioridades de sua gestão: o enfrentamento à violência sexual contra crianças, a garantia de direitos das pessoas idosas e o apoio à população em situação de rua.
“Precisamos sair desse luto e ir para a luta. Tem muito trabalho a fazer”, afirmou Evaristo, logo após uma reunião com a equipe do ministério para traçar as primeiras ações e diagnosticar os desafios da pasta.