Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

ESCOLAS PÚBLICAS DO ACRE: ARQUITETURA À MODA DA FLORESTA

Escolas Públicas do Acre: Arquitetura à moda da floresta

Com seis anos de idade cheguei no Acre. Nada mais encantador para os olhos de uma . Tudo era novo e impressionante. O casarão dos meus avós me marcou. Beleza, acolhimento e luz. As escolas do Acre são inspiradas nesta inteligente arquitetura do nosso passado. Ventilação cruzada, pé direito alto, varandas e luz. Muita luz. Tudo de bom. Escolas com jeito de casa.

Por Binho Marques 

Muita gente pensa que a falta de dinheiro é principal problema da nacional. A trajetória da educação do Acre demonstra que dinheiro não é tudo.  

No final da década de 1990, o Acre estava entre os últimos em qualidade.  A lanterninha do Sistema de Avaliação da Educação Básica era disputada entre Acre, Piauí, Alagoas e .

Entre 1999 e 2005, o Acre deu um salto e ficou entre os 10 primeiros colocados. Recentemente, a Folha de São Paulo publicou uma reportagem que diz o seguinte: 

“A rede estadual acreana é a terceira melhor do país no Fundamental 2, mostra o Ideb (indicador de desenvolvimento da educação), atrás do líder Minas e de Goiás.

(Texto publicado no mural de Binho Marques no Facebook)

Acre escola Binho Marques 1

Educação,   e Comunicação: base da Florestania

Queríamos e queremos uma sociedade com qualidade de vida, liberdade e uma economia nova de mãos dadas com a floresta. Como fazer isso com uma sociedade fragilizada por décadas de abandono, dona dos piores indicadores sociais do país?  

Apostar na , ou encurtar caminhos com projetos de desenvolvimento adotados por outros estados, seguindo a lógica do mercado, para só depois investir na correção das injustiças sociais, definitivamente, não foi a nossa escolha.

Desde sempre, confiamos na educação como a vanguarda da nova sociedade. O , complexo como nós queremos, requer um rico de conhecimento e autoconhecimento.

A florestania depende de pessoas criativas e autônomas, e a qualidade de vida pressupõe vida em comunidade, com e identidade cultural.  E a economia? Vem a reboque!

A Educação necessária par ao desenvolvimento vai além da educação escolar, do ensino. A sociedade necessária do conhecimento pede uma fusão de educação escolar, desenvolvimento, resgate cultural e comunicação. Muita comunicação. Pois de tudo o que fizemos, isso foi o que mais fizemos. 

Saímos das últimas colocações na educação pública, para as dez primeiras posições, resgatamos nossa identidade como povo e nossa autoestima. Construímos um sistema público de comunicação com rádios, TVs, e uma floresta digital que faz do Acre um lugar onde o acesso a internet é direito básico.

Com a bandeira de uma Educação de qualidade, com garantia de acesso, a permanência e o sucesso do aluno na , transformamos um pensamento em um movimento. Com a ajuda dos profissionais da Educação, mostramos que o posicionamento do PIB não era condição para o fracasso. Fizemos muito com muito pouco.

Acre Escola 5 Binho

Excerto do livro: O Melhor Lugar é Aqui – Governo do Acre – prestação de contas, 2010. Textos e fotos de Binho  Marques, ex-Governador do Acre (mandato 2007-2010), membro do Conselho Editorial da .

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA