Mães de Acari lutam pelos filhos mortos

Mães de Acari lutam pelos filhos mortos

Em 26 de julho de 1990, onze jovens são levados de sítio em Magé (RJ) e desaparecem para sempre

Do memorialdademocracia 

Onze jovens, sete deles menores de idade, são sequestrados por um grupo de homens que se identificam como policiais. Os meninos, moradores da de Acari, passavam o dia num sítio em Suruí, em Magé (RJ). Inicialmente, os invasores exigiram dinheiro e joias e depois o pagamento de resgate para a libertação do grupo, segundo a única testemunha sobrevivente, Laudicena do Nascimento, então com 71 anos. Ela e seu neto de 12 anos fugiram para o mato e escaparam.

Após negociarem o resgate, os invasores colocaram os jovens numa Kombi. Os rapazes e moças nunca mais foram vistos. Seus corpos nunca apareceram. Muitos foram os indícios de que teriam sido executados por um grupo de extermínio policial autodenominado Cavalos Corredores. A polícia, entretanto, insistiu na hipótese de confronto entre grupos de traficantes. Surgiram denúncias de que os corpos dos jovens teriam sido enterrados na estrada de Petrópolis, levados para uma ilha ou até devorados pelos leões que um policial criava.

Em busca de , as mães dos desaparecidos passaram a cobrar resultados das investigações, sempre inconclusivas. Ficaram conhecidas como As Mães de Acari. Uma das mais ativas, Edméia da Eusébio, foi assassinada em 1993 em circunstâncias nebulosas. Em 2010, o crime da Chacina de Acari prescreveu sem que ninguém tenha sido condenado ou preso.

Os Desaparecidos:
1. Rosana Souza Santos, 17 anos – filha de Marilene Lima de Souza
2. Cristiane Souza , 17 anos – filha de Vera Lúcia  Leite
3. Luiz Henrique da Silva Eusébio, 16 anos – filho de Edméia da Silva Eusébio
4. Hudson de Oliveira Silva, 16 anos – filho de Euzilar Joana Silva Oliveira
5. Edson Souza Costa, 16 anos – filho de Teresa de Souza Costa
6. Antônio Carlos da Silva, 17 anos – filho de Ana  da Silva
7. Viviane Rocha da Silva, 13 anos – filha de Márcia da Silva
8. Wallace Oliveira do Nascimento, 17 anos – filho de Maria das Graças do Nascimento
9. Hédio Oliveira do Nascimento, 30 anos – filho de Laudicena Oliveira do Nascimento
10. Moisés Santos Cruz, 26 anos – filho de Ednéia Santos Cruz
11. Luiz Carlos Vasconcelos de Deus, 32 anos – filho de Denise Vasconcelos


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!