Mais um corpo indígena estendido no chão. Tuxaua Carlos Apurinã executado em Manaus
Esse é o terceiro assassinato de indígena este ano na capital amazonense
O crime ocorreu por volta das 7h30, na avenida Maria Marrero (antiga Coletora). Carlos Alberto caminhava na rua quando foi surpreendido por quatro homens a pé e encapuzados. Durante a ação, Carlos Alberto ainda tentou fugir, mas foi alcançado e morto pelos criminosos com vários tiros na cabeça, pescoço, costas e braços. A vítima morreu no local.
Na fuga, os criminosos se dividiram. Dois entraram em um carro, de características não identificadas. Outros dois abordaram um sargento da Polícia Militar e roubaram a motocicleta dele.
De acordo com tenente Ricardo Lima, da 26ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), a moto do sargento foi recuperada depois de ser abandonada nas proximidades.
A perícia criminal do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) confirmou que a vítima foi atingida com mais de dez tiros, sendo a maioria na cabeça. Algumas cápsulas de munições e projéteis, além de um molho de Chaves e camisas dos criminosos foram recolhidas no local.
Imagens de câmeras de segurança próximo ao local do crime devem ajudar a equipe de investigação da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
Ameaças
A esposa da vítima, Jussilene Ferreira da Costa, de 29 anos, relatou à reportagem que o esposo estava recebendo ameaças de morte.
“O meu marido sempre falava que estava recebendo ameaças de morte, mas nunca contava do que se tratava. A última ameaça aconteceu no sábado passado. Ele saiu de casa para comprar pães como fazia todo os dias. Minutos depois, vieram me falar que ele estava morto”, declarou.
Vingança
Moradores da área informaram que o crime pode ter sido motivado por vingança. O tuxaua Carlos Alberto era um dos líderes da invasão Cemitério dos Índios e não aceitava a presença de membros de facções criminosas no local.
“Membros do Comando Vermelho (CV) estão coagindo os moradores de bem da invasão Cemitério dos Índios. Os líderes indígenas que não aceitam as condições dos criminosos acabam pagando com a vida. Infelizmente, todas as invasões que surgiram na capital estão servindo para abrigar bandidos, esconder armas e drogas”, afirmou um morador.
Outros indígenas mortos
Esse é o terceiro indígena morto a tiros este ano. No dia 27 de fevereiro deste ano, o cacique Francisco de Souza Pereira, de 53 anos, da etnia Tucano, foi assassinado com quatro tiros, na comunidade indígena “Urucaia”, no bairro Nova Cidade, Zona Norte de Manaus.
O cacique estava dormindo com a esposa Dulcinéia Ferreira Lima, de 51 anos, e a filha de 11 anos. Por volta de 1h, três homens encapuzados invadiram o imóvel e atiraram contra o indígena, que morreu no local.
Já no dia 13 de junho, o cacique Willlames Machado Alencar, conhecido como “Onça Preta”, da etnia Mura, foi executado com oito tiros, na invasão Cemitério dos Índios.
Testemunhas relataram que um homem invadiu a propriedade de um amigo do cacique e, em seguida, efetuou os disparos à queima-roupa. “Onça Preta” estava reunido com outros indígenas para discutir as reivindicações da etnia que aconteceria em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), no bairro Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul de Manaus.
Além dos assassinatos dos indígenas, vários outros crimes foram registrados no “Cemitério dos Índios” nos últimos meses. No dia 8 de julho deste ano, um homem foi encontrado morto com três facadas na região do tórax e com o recado: “Tio Patinhas que mandou”.
Fonte: Texto e fotos de Josemar Antunes, do Jornal Em Tempo, Manaus.