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MAPATI: A UVA DA AMAZÔNIA

MAPATI: A UVA DA AMAZÔNIA

Mapati: A uva da Amazônia

Soube da Mapati nos quintais das aldeias indígenas do povo Tikuna na região de Tabatinga, que faz divisa terrestre com a cidade colombiana de Letícia, na Amazônia ocidental.

Por Zezé Weiss

MAPATI: A UVA DA AMAZÔNIA
Foto: Safari Garden

Conhecida também como embaúba de vinho, uva taranga preta, cucura e pouroma, que em tupi significa “árvore que ronca”, porque, segundo as crianças indígenas, o vento em suas folhas grandes a faz roncar.

A Mapati (Pourouma cecropiifolia) é mesmo parecida com a uva, só que seus frutos carnudos e translúcidos são bem maiores, medem de 2 a 4 cm

Nas casas Tikuna, a Mapati é oferecida em forma de suco, como sinal de hospitalidade. Nas ruas de Tabatinga, seus cachos imensos são vendidos principalmente por jovens indígenas.  Além do costumeiro suco, os frutos também são utilizados em receitas de doces, bolos e sorvetes.

Mais precisamente, conheci a árvore no quintal do meu amigo Adir Tikuna, que fica na floresta, a poucos quilômetros da cidade de Benjamin Constant, no estado do Amazonas.

É uma árvore muito bonita e alta, a que vi tinha no mínimo uns 10 metros, de tronco cilíndrico, cor cinza-claro, mais para o esbranquiçado. Lá do alto da copa, que tem o formato de uma sombrinha aberta, brotam os lindos cachos arroxeados da deliciosa Mapati.

Em alguns locais da Amazônia, a Mapati é utilizada em projetos de reflorestamento, porque cresce rápido, produz precocemente (em até dois anos), alimenta uma grande quantidade de animais, e faz alegria da criançada, que se lambuza com seus deliciosos frutos adocicados.

Fonte de dados sobre a Mapati: aventuras-de-ana-helena. Publicado originalmente em 03/03/2018.

Mapati ou uva da amazônia, fruteira amazônica de potencial econômico, mas com cultivo inexpressivo

Do blog do Afonso Rabelo: http://frutasnativasdaamazonia.blogspot.com.br/
 
É uma fruteira que produz cachos de frutos muito parecidos com os das uvas, possui fácil propagação, crescimento rápido e rusticidade contra pragas e doenças.
 
NOMENCLATURA DA ESPÉCIENome científico – Pourouma cecropiifolia Mart. Sinonímias – Pourouma edulis Dufr., Pourouma multifida Trécul, Pourouma sapida H. Karst. e Pourouma uvifera Rusby. Família – Urticaceae. Nomes vulgares – mapati (nome vulgar mais utilizado), uva-da-Amazônia, imbaúba-mansa e uva-da-mata. Origem – Amazônia Ocidental. Distribuição – Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil (Estados do Acre, Amazonas e cultivada em alguns municípios do Estado Pará).

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS

ÁRVORE – O mapatizeiro é uma fruteira porte médio, nativa da floresta de terra firme da Amazônia Ocidental, podendo atingir até 15 metros de altura no hábitat natural. Possui caule cilíndrico, ritodoma (casca) áspero, coloração cinza e com cicatrizes provenientes das quedas das bainhas das folhas.
 
A copa é ampla, espalhadas, com folhagens abundantes e caducifólias, sendo muito ramificada em áreas abertas. É considerada uma espécie de fácil propagação por sementes, além de tolerar latossolos amarelos ácidos de baixa fertilidade, no entanto o crescimento do mapati nessas condições é limitado, todavia em cultivos manejados, apresenta rústicidade contra pragas, doenças e precocidade na produção de frutos (a partir dos 3 anos de idade), considerando ainda, bom porte e boa produtividade.
 
Em decorrência disso, seu cultivo pode ser sugerido em pequenos pomares, sistemas agroecológicos e na recuperação de áreas degradadas. Além dos frutos, a seiva extraída dos brotos foliares do mapatizeiro, é usado na medicina tradicional no combate as enfermidades dos olhos, ou ainda como planta ornamental.
 
FOLHAS – São simples, espiraladas, grandes, pecíolos alongados, e com disposições alternas. A lâmina foliar é palmada, sendo dividida entre 9 e 11 lobos, sendo estes constituídos de margem inteira, superfície lisa e coloração verde na superior e, cinza-claro e presença de nervuras proeminentes na face inferior.
 
INFLORESCÊNCIA – São formadas nas axilas das folhas, tipo panículas vistosas com flores pequenas, dioicas (plantas com flores unissexuadas, masculinas e femininas, separadas em indivíduos diferentes) e coloração marrom-escuro. As flores masculinas são pequenas, numerosas e constituídas por 4 sépalas separadas e 4 ou mais minúsculos estames. As flores femininas possuem sépalas inteiras, ovário súpero, estilete terminal e 1 (um) estigma.
 
FRUTOS – São drupas formadas em infrutescências semelhantes aos cachos das uvas, no entanto, são bastantes perecíveis após a amadurecimento; possuem formas globosas a subglobosas, medindo 2-2,3cm de comprimento por 1,5-2,3cm de diâmetro, e pesando em média 13 gramas; o epicarpo (casca) é fino, superfície áspera, fibrosa, coloração violeta-escura quando maduro, e com grande quantidade dos pigmentos antocianinas.
 
O mesocarpo (polpa) com rendimento ±55% do total do fruto é constituído por ±80% de água, possui consistência gelatinosa, suculenta, pouco fibrosa e sabor agradável, sendo levemente adocicado e encerrando boas quantidades de carboidratos, fibras e minerais como cálcio, fósforo e potássio. Esses frutos são consumidos basicamente na forma in natura, logo após a coleta, no entanto, apresenta potencial para preparação de doces, frutas em caldas e desidratadas, geleias, sucos e bebidas fermentadas. A maturação dos frutos nos cachos, ocorrem 4 meses após a polinização.
 
SEMENTE – Apenas uma por fruto, possui forma triangular, tegumento lenhoso, porém fino e, superfície estriada de coloração marrom-claro; o endosperma (amêndoa) apresenta coloração arroxeada, sendo constituído ±25% do total do fruto. Essas sementes são recalcitrantes e perdem a viabilidade rapidamente, devendo ser colocadas para germinar logo após das retiradas dos frutos.
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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