Não te rendas!

NÃO TE RENDAS!

Não te rendas!

O poema Não te rendas, atribuído ao poeta uruguaio Mario Benedetti, é umas das peças literárias mais lindas, animadoras e libertárias  da poesia Latino Americana  

Não te rendas, ainda é tempo
De se ter objetivos e começar de novo,
Aceitar tuas sombras,
Enterrar teus medos
Soltar o lastro,
Retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir teus sonhos,
Destravar o tempo,
Correr os escombros
E destapar o céu.
Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.

Mario Benedetti nasceu  em Paso de los Toros, a 200 quilômetros ao norte de Montevidéu, em 14 de setembro de 1920. Sua família mudou-se para Montevidéu em busca de uma vida melhor. O pai, farmacêutico, perdera tudo o que possuía.

Aos 8 anos Benedetti ingressa no Colegio Alemán – uma instituição reconhecida pela sua qualidade – até o início do nazismo, quando seu pai, contrário a esse regime, o transfere para outro colégio. Essa experiência pode ser conferida no livro Gracias por el fuego (1965), no qual o personagem Ramón Budiño relata os castigos que recebeu quando estudava no mesmo Colegio Alemán.

Entre 1938 e 1941, Benedetti reside a maior parte do tempo em Buenos Aires e, em 1945 passa a integrar a redação do celébre semanário Marcha – sua grande escola de jornalismo –, onde permanece até seu fechamento, em 1974. Também em 1945 publica o primeiro livro de poemas, La víspera indelible, que nunca foi reeditado.

Em 1946, após alguns anos de noivado, se casa com Luz López Alegre, sua companheira durante toda a vida. E, nos anos seguintes, se alterna na direção das revistas literárias Marginalia e Número. Em 1948 publica o volume de ensaios Peripecia y novella e, um ano depois, seu primeiro livro de contos, Esta mañana.

Seu primeiro envolvimento político ocorre no ano de 1952, quando participa ativamente do movimento contra o Tratado Militar com os Estados Unidos. No ano seguinte publica Quién de nosotros, seu primeiro romance. A primeira viagem à Europa ocorre em 1957 – Benedetti visita então nove países como correspondente de Marcha e El Diario. Em 1959 aparece o volume de contos Montevideanos, peça chave de sua narrativa de concepção urbana e local. Um ano depois publica La tregua, seu romance mais conhecido, e El país de la cola de paja, um ensaio sobre a crise pela qual seu país atravessava.

Em 1965, mesmo ano de Gracias por el fuego, começa a escrever críticas cinematográficas para o jornal La tribuna popular. Logo depois vai a Paris, onde fica por um ano. Em 1967 publica Letras del continente mestizo, no qual reúne ensaios e artigos sobre literatura latino-americana. Em 1971 funda o Movimiento de Independientes 26 de Marzo, um grupo que passou a formar para da coalizão de esquerda Frente Amplio.

O golpe militar no Uruguai em 1973 o obriga a abandonar sua pátria. Parte para o exílio e passa por diversos países (Argentina, Peru, Cuba) até chegar na Espanha. Após longos dez anos, retorna a Montevidéu, e passa a fazer parte da diretoria da nova revista Brecha – continuação do projeto da revista Marcha.

As publicações se sucedem: Con y sin nostalgia, (contos) e La casa y el ladrillo (poemas), de 1977; Pedro y el Capitán (teatro), de 1979; y Cotidianas (poesia); Viento del exílio (poesia), de 1981; Primavera con una esquina rota e Cuentos, de 1982; Yesterday y mañana (poemas), de 1988; Despistes y franquezas (contos), de 1989; Las soledades de Babel (poemas), de 1991; La borra del café (romance), de 1993; Canciones del más acá, de 2000; Insomnios y duermevelas, de 2002. Neste ano recebe o título de cidadão honorário de Montevidéu.

Morreu em 17 de maio de 2009, aos 88 anos.

Fonte: Pensador

<

p class=”Layout_Texto”>Eu, que aprendi a ser só
shutterstock 1958378269

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA