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Meghan e Harry

Meghan Markle e a popularização do feminismo esculachada na internet

Meghan Markle e a popularização do esculachada na internet

Ainda é mais fácil encontrar com medo de se assumirem feministas do que mulheres que mostrem orgulho desse rótulo e ilude-se quem pensa o contrário.

Por Nathalí Macedo, do DCM

Não é só culpa da mídia sensacionalista: pequenos grupos de feministas radicais são frequentemente filmados em cenas chocantes (enfiando crucifixos na vagina, por exemplo), e a imagem do movimento acaba deturpada no caminho de sua popularização.

A popularidade do feminismo (especialmente do feminismo liberal e do feminismo interseccional), queira-se ou não, é projetada – além de nas camadas populares e na internet – nas celebridades e figuras públicas que assumem a causa, como Emma Watson, Viola Davis e Elza Soares (entre muitas, muitas outras).

A duquesa de Sussex, nascida Meghan Markle, casou-se com o príncipe Harry na Capela de São Jorge e também declara-se feminista.

Ela luta pela causa desde os 11 anos de idade, quando fez uma campanha de sucesso para que uma empresa de detergentes modificasse seu anúncio sexista (se uma dessas na família real não é um fio de neste momento histórico da involução progressista no , entreguemos os pontos).

Para os padrões norte-americanos, a duquesa é negra. Indiscutivelmente latina e assumidamente feminista, ela resolveu – e  por que não? – seguir o sonho de se casar com um príncipe.

Em um conceito simples e didático, o feminismo existe para que as mulheres façam o que tenham vontade de fazer (e não para que suas ações sejam julgadas e problematizadas por outras mulheres).

Mas o que a turma da problematização – que, em sua maioria, se autointitula feminista – faz na internet? Problematiza.

Alguns dizem que o negócio é não dar a mínima para a família real –  e eu adoraria não dar a mínima para a família real, mas essa cafonice ainda existe e ainda faz parte de nossa realidade geopolítica. Tipo a sandália crocs: é ridículo e fora de , mas precisamos lidar. Paciência.

Nesse caso, melhor que seja uma feminista latina a se casar com o príncipe e não uma Melania Trump da , certo?

Além de reclamarem da muita atenção que se tem dado ao casamento real, estão reclamando também – reclamar é uma especialidade na internet – da escolha antiquada de se casar com um príncipe e cumprir todos os ditames reais por amor – ou por fetiche, ou por vontade, o que importa?

Algumas mulheres escolhem seguir suas carreiras, outras escolhem o casamento e a maternidade, outras escolhem viajar o mundo, outras escolhem tudo isso junto, outras escolhem casar-se com príncipes e lutar por causas humanitárias, e outras escolhem simplesmente existir (de preferência em um mundo que não as violente).

O mínimo que se pode esperar de um discurso feminista é que se deixe uma mulher viver suas escolhas em paz. Se essa mulher puder e quiser representar a causa, ponto pra ela – e pra nós.

Saiba mais sobre Meghan Markle

Meghan Markle nasceu e foi criada no Condado de Los Angeles, Califórnia,[7] filha de Doria Loyce Ragland,[8] uma assistente social afro-americana, e de Thomas Wayne Markle, um diretor de fotografia branco, vencedor de um Emmy.[9] A mãe de Meghan é descendente de escravos da Geórgia, ao passo que o pai é descendente de imigrantes europeus, muitos deles originários da Inglaterra.[10] Em uma entrevista, Meghan descreveu-se como uma “(…) forte e confiante mulher mestiça“.[9]

A profissão do pai levou a que Meghan passasse muito em nos estúdios onde se filmava a sitcom Married…with Children, no qual ele trabalhava. Meghan frequentou a católica privada e exclusivamente feminina, Immaculate Heart High School. Em 2003, ela terminou um curso de Relações Internacionais na Universidade Northwestern. (Fonte: Wikipedia)

https://xapuri.info/perigo-presidente-descontrolado-no-modo-caminhao-sem-freios-descendo-a-ladeira/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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