A Praça da Revolução de Moscou, em 7 de novembro de 2017, incandescente na concentração final da marcha comemorativa do centenário do bolchevismo, sob o monumento de Karl Marx esculpido em bloco de granito e a frase do Manifesto Comunista: “trabalhadores de todos os países, uni-vos”.
Por Antenor Pinheiro, especial de Moscou, Rússia
O evento ocorre nas frias ruas de Moscou, e os espaços ocupados por milhares de tantas nações ecoam canções e brados revolucionários; transforma o território urbano em acalorada ação política aberta às minhas lentes.
Vivencio a paisagem em movimento neste mundo contemporâneo, até tocar os pés da memória granítica esculpida de Karl Marx na praça repleta de utopias encantadas por bandeiras rubras libertárias e estandartes de eternos belos líderes de todos os continentes.
Impossível tornejar a profusão de paisagens políticas como elementos da própria política, honradas e representadas em dinâmicas espaciais efêmeras a exortar esperança e dias de lutas e resistência dos povos oprimidos.
É a memória política da paisagem – agora o sei!
“Sonho com claustros de mármore
onde em silêncio divino repousam
heróis, de pé.
De noite, aos fulgores da alma, falo
com eles, de noite.
Estão em fila; passeio por entre as
filas; as mãos de pedra lhes beijo;
entreabrem os olhos de pedra; movem
os lábios de pedra; tremem as barbas
de pedra; choram; vibra a espada na
bainha!…”
Jose Martí (1853–1895)
Antenor Pinheiro – Geógrafo. Membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri.
Publicado originalmente em 28 de junho de 2023