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“Mercado” indica André Brandão para presidir Banco do Brasil

“Mercado” indica André Brandão para presidir Banco do

“Um cartel de bancos privados que domina o estado, do regulador ao regulado, chama o sistema financeiro de… mercado.”

Por Kleytton Guimarães Morais

A divulgação do pedido de renúncia do ex-presidente do BB Rubem Novaes tornou público o “drama” do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Com um salário muito mais baixo que os praticados na iniciativa privada, R$ 68,8 mil, a indicação pra presidir o BB tornou-se um problema.

Afinal, como a predileção do governo por  um executivo do mercado poderia ser conciliada? Após várias declinações, o governo Bolsonaro parece ter “encontrado” o homem do “mercado” para dar sequência aos desejos da banca: André Brandão topou presidir o BB e, com isso,  encerra o ciclo de objeções que outros nomes, igualmente sondados, fizerem – segundo técnicos do próprio governo, pelo fato de, enquanto executivos de mercado, não abrirem mão de ganhos milionários praticados na gestão dos bancos privados, que nos bancos públicos/estatais seriam muito menores.

Bom, segundo versões, o critério para preenchimento do cargo seria o convite, não uma condicionante para apoio político do Centrão… Por esta versão, destaque-se que o governo Bolsonaro/Guedes desconsiderou e desprezando a alta de formação de quadros executivos de carreira do próprio Banco do Brasil, reconhecidos e com destacada atuação tanto no setor público quanto no privado, inclusive em diferentes ramos da atividade econômica, prefere nome, que fique bem claro, “do” mercado, posto que “de” mercado os executivos do Banco são e de altíssima performance.

A ladainha, então inclemente, teve fim. Nem Centrão, tão pouco tecnicismo. A sinalização “patriótica” de André Brandão de “aceitar” presidir o Banco do Brasil, mesmo deixando de ganhar milhões enquanto lá permanecer, é tarefa dada pela “indicação do mercado“,  leia-se da banca privada. Espírito patriótico ou impublicáveis condicionantes moveram a decisão do executivo? Em verdade, existe o entendimento de que o novo presidente deverá levar adiante o plano de venda de ativos da instituição financeira, algo que poderia ficar muito mais comprometido e dificultado, com alguém de “dentro de casa”.

O sonho já revelado do ministro Guedes de “vender logo a p**** do Banco do Brasil” não deixa dúvidas. A indicação do André Brandão, homem de mercado, apoiado pelo mercado, Salim Matar e o capeta explica o que se pretende com a BBDTVM. Privatizá-la, entregando à UBS, HSBC ou qualquer outro banco internacional e assim reduzir a capacidade de intervenção e o papel estratégico do BB, até liquidá-lo.

É companheirada, sabíamos que não seria fácil mesmo! Resta-nos, como sempre, olhos, ouvidos, pensamentos atentos e o determinado espírito de luta a defender nossos direitos e a esta imprescindível ferramenta de desenvolvimento e transformação do estado e a serviço do povo brasileiro chamada Banco do Brasil.

E A HISTÓRIA, O QUE NOS CONTA? 

André Brandão comandava a operação do HSBC no Brasil à época da operação Swissleaks, desencadeada em 2015, que revelou um gigantesco esquema de evasão fiscal alegadamente operado com o conhecimento e encorajamento do banco multinacional britânico HSBC através de sua subsidiária suíça, o HSBC Private Bank (Suisse). Diferentemente do posicionamento dos principais chefes do banco que pediram desculpas publicamente pelas práticas “inaceitáveis
cometidas, o então presidente da operação Brasil convocado para prestar depoimento à CPI no Senado, indagado sobre as contas de brasileiros na filial Suíça do banco, respondeu que o HSBC no Brasil não tinha dados a respeito.

À época o Ministério Público Federal, responsável pela apuração do crime de evasão de divisas e o fisco revelaram ter efetivamente identificado 7.243 correntistas brasileiros e detinham em valor total depositado nas contas relacionadas ao Brasil no HSBC aproximadamente US$ 7 bilhões, hoje pouco mais de R$ 36 bilhões, valores sonegados nas declarações de Imposto de Renda desses contribuintes.

O banco – que sempre havia feito do conservadorismo um mantra dos negócios bancários, deixou flancos abertos, a partir da autonomia dada para os gestores locais. E isto ocasionou falhas de governança que permitiram a ocorrência de fraudes e envolvimento da instituição em escândalos que lhes imputaram mais de US$ 11 bilhões em multas em acordos com autoridades reguladoras nos e na Europa.

Por outro lado, nas bandas de cá, como se sabe, a operação deu em pouco mais que coisa alguma. Resultando na implementação de “regimes de regularização extraordinária” para atrair capital tributável que estava guardado no estrangeiro, em troca de taxas de imposto favoráveis.

Kleytton Bancários

Kleytton Guimarães Morais -Presidente do e funcionário do Banco do Brasil. 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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