Meu Quintal! Meu Manancial!
Por Maria Marlene de Souza Abdalla
Nele colho frutas que abundantemente
Caem da centenária mangueira
Que aqui já encontrei.
Da pitangueira, limoeiro, bananeira,
Coqueiros, e da goiabeira que um dia plantei.
Seus sabores inspiram-me
A produzir doces, geleias e licores.
Meu quintal! Meu manancial!
Nele colho as ervas para os chás:
Alfavacas, sabugueiros, carro-santo;
Para gripes e resfriados.
Planto cidreira, capim santo, alecrim,
Para o coração abrandar…
Planto boldo, quitoco, sete dores,
Se o fígado reclamar…
Colho na horta os temperos…
Para o estômago restaurar.
As pimentas bem curtidas, para o fogo apagar
Cheiro verde, alho, cebolinha, coentro,
E que mais plantar?
Nasce pé de mamão,
Onde as sementes alcançarem.
Quando maduros, os pássaros
Vêm para se alimentarem.
Fazem festas ao alvorecer
Quando saem a passear,
E ao por-do-sol felizes voltam
Para pernoitar…
Meu quintal! Meu manancial!
Nele nascem serralhas, verdoegas,
Taiobas e também língua de vaca;
Suas folhas suculentas servem
Para o refogado, seus sabores
À vida acrescentar.
Brotam jurubebas que abrem o apetite
E fazem o fígado sossegar.
Poejo e marcelinhas
Para os bebês acalentarem.
Coco xodó, cana caiana fazem
À minha infância retornar.
Milho verde e as abóboras!
Quando a chuva chegar…
Quebra-pedra para os rins
E picão para icterícia…
Fedegoso, São Caetano, espada de
São Jorge, tipi e arruda
Para os banhos e os males espantarem;
As crenças e a cultura se perpetuarem.
Nascem pés de buchas que se diz paulistas,
Mas que são tão goianas como nós.
Planto hortelã para o quibe temperar!
A parreira é um sonho
Que ainda vou concretizar…
O hibisco, cerca viva
Enfeita também o altar.
Hortênsias, samambaias,
Trepadeiras e muito verde, momentos de
Muitas alegrias já presenciaram;
Violinos entre elas um dia tocou.
Nele planto girassóis e flores
Para presentear.
Maria Marlene de Souza Abdala – Poeta, em “Segunda Antologia dos Escritores Formosenses – 2001-2010”. Olinda da Rocha Lôbo, Casa do Poeta Brasileiro, Seção Formosa, 2010.