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Movimentos resistem: “Não estamos felizes, mas estamos firmes”

Movimentos resistem: “Não estamos felizes, mas estamos firmes”

 Entre os movimentos sociais que se encontram no entorno do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o sentimento é de que a vai continuar. O ato contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio da não encerra as mobilizações pela democracia e contra a escalada do fascismo, avaliam lideranças populares.
Presidenta da União da Juventude Socialista (UJS) e ex-presidenta da União Nacional do Estudantes (UNE), Carina Vitral avaliou que prender Lula é prender a ideia de que os pobres têm direitos e de que o homem simples tem um lugar nesse país. Segundo ela, os vão com o ex-presidente até o fim e não vão aceitar o arbítrio. “Não estamos felizes, mas estamos firmes”, afirmou.

Para Raimundo Bonfim, coordenador estadual da Central de Movimentos Populares, a não começou nesta sexta (6), nem se acaba nela. Para ele, os mpvimentos precisam estar preparados para uma batalha prolongada.

“Como tivemos uma regressão muito grande, com o desmonte da , recuperar essas e restabelecer a democracia requer muita unidade e . Mas engana-se quem acha que, mesmo que prenderem o Lula, iremos para casa chorar. Vamos nos fortalecer e continuar resistindo”, disse, à repórter Railídia Carvalho.

A Central de Movimentos Populares, que realizava em São Paulo o seu 4º Congresso, levou militantes de todo o para a frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, pcom o objetivo de reforçar o ato em apoio a Lula.

“Moro queria que Lula, às 17h, fosse se entregar sem resistência à Polícia Federal em Curitiba. Mas, com essa mobilização, garantimos que esse prazo expirasse. Vamos ganhar o máximo de tempo, continuar a mobilização. É muito importante esse dia de resistência. E não vi ninguém chorando aqui, as pessoas estão dispostas a lutar, mesmo diante dessa escalada do fascismo, com um STF em que os ministros julga sob mira de um canhão. Vivemos num de exceção”, condenou Raimundo.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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