“Não estamos felizes, mas estamos firmes”, dizem os movimentos sociais, em resistência
Para Raimundo Bonfim, coordenador estadual da Central de Movimentos Populares, a luta não começou nesta sexta (6), nem se acaba nela. Para ele, os mpvimentos precisam estar preparados para uma batalha prolongada.
“Como tivemos uma regressão muito grande, com o desmonte da Constituição, recuperar essas políticas públicas e restabelecer a democracia requer muita unidade e tempo. Mas engana-se quem acha que, mesmo que prenderem o Lula, iremos para casa chorar. Vamos nos fortalecer e continuar resistindo”, disse, à repórter Railídia Carvalho.
A Central de Movimentos Populares, que realizava em São Paulo o seu 4º Congresso, levou militantes de todo o Brasil para a frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, pcom o objetivo de reforçar o ato em apoio a Lula.
“Moro queria que Lula, às 17h, fosse se entregar sem resistência à Polícia Federal em Curitiba. Mas, com essa mobilização, garantimos que esse prazo expirasse. Vamos ganhar o máximo de tempo, continuar a mobilização. É muito importante esse dia de resistência.
E não vi ninguém chorando aqui, as pessoas estão dispostas a lutar, mesmo diante dessa escalada do fascismo, com um STF em que os ministros julga sob mira de um canhão. “Vivemos num estado de exceção”, condenou Raimundo.

Foto: Francisco Proner
NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ
Em 1980, o líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva foi preso pelo DOPS após comandar uma greve geral dos metalúrgicos no ABC Paulista. Ao lado de milhares de trabalhadores, Lula desafiava a repressão do regime, exigindo condições dignas de trabalho e liberdade de organização. Sua prisão evidenciou o autoritarismo do Estado e marcou um ponto de virada na história do sindicalismo brasileiro

No final da tarde de uma quinta-feira, 5 de abril, o então juiz Sérgio Moro, decretou a prisão do líder brasileiro Luís Inácio Lula da Silva. No dia seguinte, 6 de abril, um ato foi organizado em Curitiba para protestar contra a decisão do magistrado, que posteriormente seria ministro da Justiça de Bolsonaro e tratado como suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o ex-presidente.
Após muita negociação, Lula decide entregar-se e é trazido para a sede da superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no bairro Santa Cândida, depois de um comício histórico na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo.
Ao chegar em Curitiba no dia 7 de abril milhares de pessoas o aguardavam para mostrar sua solidariedade ao ex-presidente. No momento da aterrissagem do helicóptero que conduzia Lula a polícia inicia uma onda de violência. Bombas e tiros de balas de borracha são usados contra apoiadores do ex-presidente.
Assim começava a Vigília Lula Livre.
Por 580 dias, a Vigília Lula Livre foi composta por militantes, estudantes, sindicalistas, trabalhadores, camponeses, apoiadores e políticos de todo o mundo. Localizado em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril de 2018, o acampamento formou uma comunidade unida pela luta, que manifestou de várias maneiras seu apoio a Luiz Inácio “Lula” da Silva, líder político.
Ao cabo de uma semana, calculava-se que 7 mil pessoas haviam passado pelo acampamento, ao final calcula-se que mais de 200 mil pessoas passaram pela Vigília em eventos, atos, caravanas e aqueles que permaneceram durante todo o período na luta. Entre estes, grandes personalidades da história contemporânea prestaram visitas a Lula, como Danny Glover, Pepe Mujica, Chico Buarque , Noam Chomsky e Leonardo Boff.
Na Vigília aconteceram diversas atividades culturais, religiosas, artísticas e de formação, como parte de uma agenda de resistência e luta pela liberdade de Lula desde o dia em que foi preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Englobando cultura, resistência e solidariedade, a Vigília Lula Livre entrou para a história com sua atuação, devoção e desdobramentos sociais.
Depois de 580 dias preso injustamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve seus processos revertidos na Justiça, com o ex-juíz Sérgio Moro sendo declarado suspeito e imparcial, o ex-presidente agora, livre, lidera as pesquisas para as eleições de 2022.





