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MPF: Reforma da Previdência fará do Brasil um país ainda mais desigual

MPF: Reforma da Previdência fará do um país ainda mais desigual

Nada mais incompatível com a do que uma proposta de reforma em que cada um cuida de si, pois o quer abrir mão do coletivo
Por jornalggn.com.br
A Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos, órgão do Ministério Público Federal, enviou nesta sexta (7) à Câmara dos Deputados uma nota técnica repudiando a reforma da Previdência (PEC 6/2019) apresentada pelo governo Bolsonaro. Segundo a PFDC, a capitalização, ou privatização das aposentadorias, é um sistema fracassado no e tornará o Brasil ainda mais desigual do ponto de vista econômico e social. Além disso, a reforma foge da prevista na Constituição.
“A ideia força da capitalização proposta pela reforma da Previdência – comumente chamada de ‘poupança individual’ – é a do máximo egoísmo, em que cada qual orienta o seu destino a partir de si, exclusivamente. Nada mais incompatível, portanto, com o princípio regulativo da brasileira, inscrito no art. 3º da Constituição Federal, que é o da solidariedade”, anotou a procuradoria.
O órgão citou também um da OIT, Organização Internacional do , que mostra que mais da metade dos países que adotaram a capitalização da Previdência desde a década de 1980 voltaram atrás e aprovaram novas reformas para corrigir o sistema.
Entre as principais queixas estão: o valor baixíssimo do benefício ao aposentado, muitas vezes abaixo dos parâmetros estabelecidos por órgãos internacionais; e a falácia de que o fim do sistema de repartição alivia as contas públicas. O custo da transição para a capitalização é historicamente subestimado, gerando crises para os Países.
“(…) como demonstra a análise empreendida pela Organização Internacional do Trabalho, a capitalização, sob a forma de poupança individual, como regime substitutivo ao de repartição, aumenta a de e gênero, na contramão do grande investimento constitucional na redução das desigualdades e discriminações de todos os tipos.”
Fonte: JornalGGN


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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