MUDANÇAS CLIMÁTICAS, CIDADES E RESILIÊNCIA URBANA
Estamos enfrentando desafios sem precedentes relacionados às mudanças climáticas, e as cidades são locais cruciais para sua abordagem e enfrentamento, uma vez que mais de 60% da população brasileira encontra-se em áreas urbanas.
Por Gustavo Carneiro
À medida que as mudanças climáticas se intensificam, os impactos nas cidades tornam-se cada vez mais evidentes, demandando soluções inovadoras e resiliência urbana.
Vimos o ano de 2023 entrar para a história do Brasil como o mais quente já registrado. Este ano, sofremos com a seca na Amazônia e com as enchentes no Rio Grande do Sul.
Tivemos uma série de eventos climáticos extremos que fez com que cerca de 2.797 municípios decretassem estado de emergência ou calamidade, diante de desastres naturais que desafiam a infraestrutura urbana existente e colocam em risco a segurança e o bem-estar dos habitantes.
As cidades brasileiras vêm enfrentando desafios complexos ao longo de décadas, incluindo a gestão de recursos hídricos, a expansão urbana descontrolada e o aumento da demanda por energia. Somados a estes, os impactos da mudança do clima afetam as comunidades urbanas de maneira desproporcional, exacerbando as desigualdades sociais já presentes.
A resiliência urbana emerge como uma resposta crucial aos desafios impostos e representa a capacidade de as cidades se adaptarem, se recuperarem e se transformarem diante de eventos climáticos extremos e outras perturbações. A resiliência urbana não se trata apenas de infraestrutura robusta, mas também de comunidades engajadas, governança eficaz e inovação.
Devemos incentivar a participação ativa da comunidade no planejamento urbano e na implementação de medidas de resiliência, que promovam a inclusão e a coesão social.
Ao nos envolvermos com essas realidades e buscar desenvolver cidades mais compactas, que prezem pela existência de praças e parques urbanos, pela aplicação de pavimentação permeável, pela acessibilidade a pé e de bicicleta, pela conservação de áreas verdes, tanto em áreas públicas quanto privadas, e que promovam o plantio de árvores e a conservação de florestas urbanas, passaremos também a discutir e aplicar estratégias abrangentes que considerem a interconexão de riscos ambientais, sociais e econômicos, permitindo uma resposta mais eficaz a eventos extremos.
As mudanças climáticas apresentam desafios significativos para as cidades, mas também oferecem oportunidades para inovação e transformação destas.
Ao adotar práticas sustentáveis, promover a resiliência urbana e envolver ativamente as comunidades, as cidades podem não apenas enfrentar os desafios climáticos, mas também criar ambientes urbanos mais inclusivos, saudáveis e sustentáveis.
A resiliência urbana pode ser a chave para garantir que nossas cidades prosperem em um mundo em constante mudança.
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p style=”text-align: justify;”>Gustavo Carneiro – Arquiteto e Urbanista. Membro do Conselho Consultivo do Instituto Regenera. Capa: imagem aérea da região da mina 18 da Braskem, em Maceió, que apresenta risco iminente de colapso – Reprodução/CNN.