Mulheres são maioria em trabalhos voluntários

Mulheres são maioria em trabalhos voluntários

Segunda a ONU, existem cerca de 1 Bilhão de pessoas que fazem trabalho voluntário. Além disso, a maioria desse número é composto por mulheres. 

Por Maria Letícia Marques

O trabalho voluntário é essencial para estimular a cooperatividade na sociedade. As pessoas que escolhem o caminho do voluntariado, escolhem ajudar o próximo acima de qualquer valor. Essa ação social é de grande importância para avanços sociais acontecerem, além de ajudar a amenizar diversos impactos que ocorrem ao longo dos anos.

A solidariedade é intrínseca no voluntariado. É uma atitude nobre, humana e coerente com a vida. Quem decide ajudar por ajudar já entendeu o verdadeiro significado de viver e amar. Em um mundo tomado por políticas corruptas e práticas desumanas, ajudar quem está logo ao nosso lado é o melhor que podemos fazer. Assim como o mau trabalha incansavelmente, nós também devemos agir e lutar por um mundo melhor. 

O Programa de Voluntário das Nações Unidas (UNV) faz uma estimativa a cada 3 anos a cerca do número de voluntários existentes ao redor do globo.  Em 2022, em média 862 milhões de pessoas foram registradas como voluntárias. Também foi registrado que a maioria desse número é composto por mulheres. 

(UNV)

Cenário nacional

Em 2021, segundo a pesquisa Voluntariado no Brasil, 57 milhões de brasileiros estão ativos como voluntários. De acordo ainda com os dados, 51% do número são mulheres e 1% declarou “outros”. Nesses últimos 4 anos a força das mulheres nos cuidados humanitários teve ainda mais visibilidade com a luta contra o Covid-19. Levando em conta também que as mulheres são maioria na área de enfermagem. Atuaram na linha de frente contra o vírus e ajudaram a salvar milhares de vidas.

Outro grande destaque, em 2023, são as mulheres que estão ajudando os refugiados ucranianos. 

Voluntárias brasileiras ajudam refugiados ucranianos em abrigo na Polônia. (Foto – Arquivo Pessoal). Disponível em: TAB Uol.

Essa foto foi tirada na Polônia, onde elas atuam no abrigo que cuida dos refugiados ucranianos. A iniciativa dessas mulheres ajudaram milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade. 

Porém, apesar das mulheres atuarem como maioria na ajuda humanitária e voluntária, ainda são as que mais sofrem nessa sociedade. As pessoas que mais cuidam da saúde social são as que mais sofrem com preconceitos, violência e machismos. As portadoras de um órgão tão belo e vital para esse mundo continuar existindo, são alvo das piores agressões e misoginia. Por essa razão, devemos continuar lutando para garantir os direitos das mulheres, para sermos vistas e valorizadas. 

Maria Letícia Marques – Colunista voluntária da Revista Xapuri. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora. Foto de capa: © Unicef/Delil Souleiman.

 

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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