Porque não cabe prisão para Lula
Por Ângelo Cavalcante
“Quem és tu que queres julgar, com vista que só alcança um palmo, coisas que estão a mil milhas?” (Divina Comédia, Dante Alighieri, 1307)
Não tem sentido prender alguém que já possui garantidos 60 milhões de votos; não tem o menor cabimento o papel de “cabo eleitoral” miseravelmente assumido pelo judiciário do país! Não passa incólume um ente ou autoridade judiciária que determina a prisão de um homem amado e admirado por todo o planeta porque, reparem bem… Com miúdas e pingadas transferências de dinheiros mais miseráveis, somado à moradia básica com água potável e energia elétrica essencial, refundou a economia e o mundo social brasileiro por cima e pelo alto.
Que prisão irá acomodar um homem que enfrentou uma geologia de bilhões de anos e levou água aos mais áridos torrões nordestinos contemplando diária e cotidianamente ao menos um milhão de vidas? Por sinal, a economia do semiárido já está positivamente alterada.
Não cabe em qualquer sorte de prisão alguém que elevou o salário mínimo para um dos mais elevados e aquisitivos do hemisfério sul, conferindo para toda a população o maior acesso ao consumo da história brasileira. Burocratas do judiciário, magoados e obesos de invencionices jurídicas, contemplados por toda natureza de benefícios e penduricalhos auxiliantes não possuem a menor condição de avaliar a história feita por esse nordestino atrevido cujo crime capital e imperdoável fora o de acreditar no Brasil.
Lula não cabe em celas porque o sonho de um país social e equitativo não pode ser posto detrás de grades; e sonhos são riscos porque porque voam e vão longe, e, por mais que a direita, essa facção mais criminosa do que nunca, e já de posse do Estado brasileiro, siga em sua incurável enfermidade de ódio e vingança contra o povo do país, nada irá se comparar ao eterno incômodo de um retirante nordestino, um “cabra da peste”, sobrevivente da fome, do latifúndio e da bomba da diarreia, que por sinal, havia antes (lembremo-nos disso) eliminado milhões de crianças do seu tempo, ter chegado ao governo do país e ter mostrado em fato e realidade que o Brasil tem futuro, horizonte e que pode sim governar o mundo.
Lula não só resgatou o Brasil para os brasileiros, principalmente os brasileiros mais pobres; Fez mais… Lula demonstrou que existe um mundo possível e provou “por a mais b” que temos estilo, charme, capacidade de convencimento e liderança para pautarmos os principais debates e rumos para esse planeta socado em guerras, fome e tragédias ambientais.
Acaso nos esquecemos do pedido veemente que o ex-presidente americano Barack Obama fez para Lula para mediar com o ex-presidente iraniano Mahmud Almadinejah sobre a corrida de mísseis atômicos e que, bem sabemos, iria tensionar mais ainda os atuais conflitos do Oriente Médio? O presidente Lula dialogou com o Irã, reconheceu diferenças, abusos e intromissões, mas, entre risos, afagos e goles de cachaça, o convidou para o muito exigente e superior desafio da paz mundial. Lula soube convencer o sisudo regime dos aiatolás.
Evidentemente, cometeu um monte de erros, falhas e equívocos, mas as qualidades de Lula, os ganhos que nos conferiu nos seus tempos de governo são bem maiores. É salutar, maduro e politicamente adequado e verdadeiro reconhecer o que fora o Brasil sob a liderança de Lula da Silva.
Em definitivo, Lula não cabe em prisões, por sinal, da última vez em que esteve preso, isolado e incomunicável, no frio aço da ditadura militar e sob a mira de fuzis, sobreviveu com altivez e brilho nos olhos, fora libertado para, em seguida, se tornar a maior liderança popular que esse país já viu e testemunhou até chegar, nos braços do povo, ao Planalto.
Não há prisão para Lula.
Venceremos!
Texto amplamente divulgado nos grupos de zap como sendo de autoria de Ângelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Campus Itumbiara.
Publicado originalmente em 14/03/2018.