Não é só um amontoado de idiotices, é uma estratégia mais complexa

Não é só um amontoado de idiotices, é uma estratégia mais complexa

Meus amigos, vamos pensar juntos. Veja-se o resumo de uma única semana no governo Bolsonaro: ministro da educação afirma que as universidades federais têm ção de maconha; o presidente do país acusa um ator americano de atear na ; o presidente da Funarte diz que os Beatles surgiram para destruir a família burguesa e implantar o comunismo no mundo; o presidente da Biblioteca Nacional afirma que o analfabetismo no país existe porque os livros didáticos adotam Caetano Veloso como modelo de poesia.

Parece um amontoado de idiotices. E é, mas a estratégia é mais complexa. Já perceberam que todos os homens de Bolsonaro fazem a mesma coisa? Esses caras têm uma tática que precisa ser manjada: lutar contra inimigos invisíveis, fabricar problemas que não existem, discutir questões totalmente fora de pauta, enfim, jogar, toda semana, uma avalanche de desinformação, notícias falsas, problemas irrisórios, e sobretudo, uma cortina de fumaça com ideias bizarras e revoltantes que provocam novos debates e reações em cadeia, com milhares de posts e memes. Pra quê? Pra nada, para gerar discussões inúteis. Estão fazendo isso desde a campanha. E vão fazer durante o governo inteiro.
Tudo para esconder uma : não têm nenhum pra nada, mas julgam estar colocando ordem no país e salvando a do comunismo. Falácia! Tudo isso pra não discutir os problemas mais importantes hoje: geração de emprego, soluções para a saúde, o meio-ambiente e a educação, preços, câmbio, aquecimento da . Mas projeto pra isso eles não têm.
Portanto, é mais fácil falar do que definitivamente não tem a menor importância. Mantém a e os intelectuais ocupados em dar respostas a problemas que não existem. E o país inteiro está caindo no jogo, que nem um patinho. É preciso denunciar os graves problemas econômicos e sociais em vez de ficar respondendo a problemas invisíveis! Em vez de replicar o absurdo que não tem a menor importância, é preciso replicar e evidenciar o que é de fato importante: que o governo Bolsonaro não tem projeto pra absolutamente nada, senão desmontar a força do e sucateá-lo para a privatização neoliberal.
Repasse este . Talvez seja atitude mais importante do que sair jogando lança em gigantes que só existem na cabeça de quem não vê moinhos de verdade.
Autor desconhecido
Fonte: Facebook da Ana Maria Rumbelsperger

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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