Navio do ICMBio retoma atividade após sete anos

Navio de pesquisa do ICMBio retoma atividade após sete anos

Embarcação Soloncy Moura volta a cumprir papel fundamental para a da e a
 
Por Instituto de Conservação da Biodiversidade – ICMBio

O Navio de Pesquisa (NPq) Soloncy Moura volta a percorrer as águas brasileiras após sete anos parado. A embarcação, que tem autonomia para 30 dias no mar, possibilita o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa, monitoramento e fiscalização ambiental. Lançado em 1997, quando teve sua construção finalizada pelo Ibama, a do navio está conectada com uma longa parceria com universidades, centros e apoio à gestão de .

A atuação principal do navio é na região Sudeste e Sul do , pois está vinculado ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL/ICMBio). Dispõe de instalações para conduzir seis tripulantes e dez pesquisadores em áreas de alto mar e em áreas costeiras e abrigadas.

A primeira expedição ocorreu neste mês de maio e cumpre dois papéis importantes: de concluir os últimos testes de funcionamento em mar aberto e de realizar uma etapa de monitoramento de ocorrência da espécie invasora Coral-Sol na Reserva Biológica Arvoredo, em parceria com a UFSC. Segundo a técnica administrativa do CEPSUL, Crisller Pereira, a finalização bem-sucedida da viagem comprova que o navio está pronto para uso e conta com uma tripulação capacitada e cuidadosa.

O nome do navio de pesquisa, Soloncy Moura, é uma a Soloncy José Cordeiro de Moura, que foi um dos membros de maior destaque da comunidade científica nacional e teve grandes contribuições para a pesca brasileira. Soloncy foi diretor do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Pesqueiro do Brasil (PDP/SUDEPE), que foi desenvolvido entre as décadas de 1980 e 1990.

No momento, está sendo organizado o planejamento estratégico de uso da embarcação, para garantir que as demandas sejam atendidas e cumpram com seu objetivo. Segundo o coordenador do CEPSUL, Walter Steenbock, o navio é uma ferramenta única para levar equipes de trabalho e equipamentos para o , apoiando a pesquisa e o monitoramento nas Unidades de Conservação marinhas. “Dessa forma, podemos ampliar muito a coleta de dados e a geração de informações para a gestão, promovendo políticas de conservação apropriadas”, conclui.

Fonte: ICMBio      

Capa: Marcelo Crivellaro, PACS


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Arvoredo

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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