NEM PERDOADOS, NEM ESQUECIDOS!

NEM PERDOADOS, NEM ESQUECIDOS!

Nem perdoados, nem esquecidos!

Essa gente não tem que ser perdoada e, principalmente, não deve ser esquecida

Por  Leandro Fortes

“Lya Luft não está arrependida, nem mesmo pediu desculpas. Está, isto sim, com medo do que vai acontecer a ela e a todos os operadores da direita dentro da mídia que, por ação e omissão, ajudaram a colocar no Palácio do Planalto um psicopata cercado de débeis mentais”, escreve Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia

A cristandade oculta da esquerda namastê está, outra vez, em polvorosa conosco, os radicais da revolução não cumprida, porque queremos mais é que Lya Luft e essa cambada de fascistas arrependidos queimem no mármore do inferno, se possível, ainda durante a pandemia da Covid-19.

Luft é uma mulher de 81 anos, autodeclarada intelectual e culta, autora de trocentos livros intragáveis sobre os tormentos existenciais da classe média estúpida que a lê (ou lia, sei lá), na revista Veja, onde escreve (ou escrevia, não faço mais a menor ideia) artigos cheios dessa positividade branca absolutamente inútil.

Era da guarda pretoriana da famiglia Civita, em honra da qual ajudou a criar e nutrir o monstro do antipetismo, de forma fria e calculada, para satisfazer o público alvo da revista – uma pequena burguesia de remediados ignorantes e iletrados, uma gente apavorada que encontrava nos textos dessa senhora uma razão para louvar a própria mediocridade e odiar a esquerda.

Nas eleições de 2018, entre um professor comprometido com a luta pelas desigualdades sociais e um demente rasteiro e cretino, ela optou pelo segundo. Queria, ela mesma afirma, uma “trégua do PT”. Ou seja, é responsável direta pela tragédia em que todos, inclusive os que não votaram em Jair Bolsonaro, estamos metidos.

Lya Luft não está arrependida, nem mesmo pediu desculpas. Está, isto sim, com medo do que vai acontecer a ela e a todos os operadores da direita dentro da mídia que, por ação e omissão, ajudaram a colocar no Palácio do Planalto um psicopata cercado de débeis mentais. Temem um Nuremberg pós-Bolsonaro.

Essa gente não tem que ser perdoada e, principalmente, não deve ser esquecida.

Muito menos tratada como aliada.

Fonte: Brasil 247

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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