Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

No apagar das luzes, Weintraub confirma seu racismo

No apagar das luzes, Weintraub confirma seu

Por Iêda Leal

Literalmente ao apagar das luzes, já que, na tarde de quinta-feira (18 de junho), Abraham Weintraub foi desligado do Ministério da (MEC), o ex-ministro confirmou sua política de retrocesso, reforço e incentivo às desigualdades e ao racismo.

A gestão vexatória e repugnante de Weintraub à frente do MEC termina com grandes perdas. Sua última medida, como titular da pasta, foi a revogação da portaria que regulamentava a criação de Comissões de estímulo à de negros(as), população indígena e pessoas com deficiência nos programas de pós-graduação (mestrado, mestrado profissional e doutorado) das instituições federais de ensino superior brasileiras.

A decisão do ex-ministro, sem nenhuma explicação, evidencia o de exclusão educacional do governo Bolsonaro. A racial no país entre negros e brancos c fundamentação para aprovação da política de cotas (Lei das Cotas/ Lei nº 12.711/2012) que, inegavelmente, apresentou resultados positivos – não é parâmetro para uma administração de extrema , declaradamente racista e fascista.

Dados do IBGE apontam que, após a Lei de Cotas, o aumento de negros(as) na Educação superior aumentou em 267%, sendo que pela primeira vez na , em 2018, o número de estudantes negros(as) ultrapassou o de brancos(as) nas universidades públicas do país. Contrariando a elite conservadora e racista do , a inclusão de negros(as) e indígenas no ensino superior apresentou um excelente desempenho dos(as) alunos(as), não comprometendo em nada a qualidade do ensino ou a efetividade dos cursos.             Nesse sentido, medidas para implementação da inclusão de negros(as), indígenas, e pessoas com deficiência na pós-graduação nas universidades federais deveriam ser tomadas como determina a legislação em vigor e não, como foi feito, a sua extinção. Indiscutivelmente, o governo Bolsonaro não prioriza a Educação, muito menos, a inclusão educacional. Weintraub, incapacitado para o cargo que ocupou, deixa a pasta tarde, já que em todo o que esteve no MEC foi o condutor de medidas prejudiciais e um dos porta-vozes do ódio tão enraizado neste governo.

Racistas e fascistas não passarão! Estamos na linha de frente da mobilização contra mais esse ataque racista, na certeza de que o país só conseguirá respirar aliviado quando esta administração tiver fim. Mas seguimos na para que estes absurdos não sejam consolidados. Cotas – direito conquistado pela população negra do país!

[authorbox authorid=”” title=”Sobre a Autora”]

[smartslider3 slider=25]
 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA