Nova lei da União Europeia bane importações de produtos de áreas com desmatamento

Nova lei da União Europeia bane importações de produtos de áreas com , seja legal ou ilegal

Nova lei que está prestes a entrar em vigor na União Europeia irá banir a importação de produtos provenientes de áreas de desmatamento, atingindo países que exportam commodities e derivados, como o .

Por Mídia Ninja/Redação

Já aprovada no Parlamento Europeu e em vias de receber seu aval pelo Conselho Europeu, a nova regulamentação “veta a exportação para o bloco de cacau, café, , óleo de palma, madeira, carne bovina e borracha, assim como de produtos derivados destes, como couro, papel, chocolate e carvão vegetal, cultivados em áreas de floresta que foram desmatadas após dezembro de 2020”, de acordo com matéria da Folha de .

A lei bane também o desmatamento considerado legal nos países de dos produtos, desconsiderando as regulamentações locais. Ou seja, se é de área desmatada, os países da União Europeia não irão importar. Vale lembrar que óleo de palma (azeite de dendê) e soja são os maiores responsáveis pela devastação. Especialistas comentam que isso irá criar uma nova forma de consumo e comércio, que será feito de forma sustentável, criando incentivos para produções sustentáveis.

De acordo com a lei, as empresas importadoras deverão ter uma declaração de devida diligência onde se prova que suas cadeias de fornecimento não contribuem para a destruição de , e também deverá ser comprovado que os direitos dos e comunidades tradicionais foram respeitados durante a produção. A punição pelo não cumprimento é por meio de multas.

Há críticas à lei, já que considera o desmatamento somente em florestas. O Cerrado é uma savana, logo não se enquadra na regulamentação, e isso poderia levar a um maior desmatamento na área, que já está devastada pelo agronegócio. A europdeputada Anna Cavazzini afirmou que seu partido (Partido Verde) tentou incluir outros , e espera que na revisão da lei outros biomas passem a ser considerados.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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