O Beco da Bosta
Onde, se não numa ilha de 409 anos, há um lugar chamado Travessa 28 de Setembro, mas que ninguém nunca chamou assim?
Nasceu e vive Beco da Bosta. Mas como? Por quê? Simples. No fim desse beco, nos séculos outros, só havia mangues. Era ali que os escravos, trazidos da África (se fosse em Portugal eles diriam “trazidos de África, iam despejar os penicos fétidos dos seus senhores e senhoras brancas, que moravam nesses sobradões imensos. Haja escravo pra tanto trabalho.
E eram quando eles, os escravos, viam que os restos dos “seus donos” fediam tanto quanto os deles. Ou até mais. Bem mais. Dependendo do dia. E não adiantavam os perfumes de toda a Europa.
Estava lá, naqueles penicos cheios, a confirmação de que ninguém é melhor do que ninguém. Mais: nunca houve sangue azul.
Nos penicos, todos eram iguaizinhos. E sempre foram iguaizinhos.
Bom, mas essa foto linda, captada por um olho lindo, não combina com penicos. Tá longe deles. Esse belo “quadro” é de Fernanda Bordalo (sem Facebook, só Instagram @_fnda_), que zanza por essa velha ilha eternizando momentos.
Eternizando, sobretudo, histórias escritas à luz. Os lampiões, nada bobos, ficam todos serelepes.
Até eu ficaria. Marrapá!
Ok. Ok. A dona desta foto é linda e talentosa. Todo mundo sabe. Mas, às vezes, ela é torturadora. Me disse que o almoço na casa da mãe, hoje, neste domingão, foi peixada maranhense (com a inigualável pescada amarela) e pirão.
Eu? Só li, pensei no prato, senti o cheiro e… MUUUUURRRRRRRI.
Estatelado.
