Jair Bolsonaro já estava mal na foto da opinião pública e publicada com seu alheamento e a demora da equipe econômica em reagir à crise do coronavírus com medidas emergenciais. Ficou pior ainda neste domingo, quando saiu do monitoramento médico para ir à rampa do Planalto prestigiar a esvaziada manifestação de seus apoiadores contra o Congresso e o STF. Ao som de gritos de um grupo de gatos-pingados que bradava “AI- 5! AI- 5!”, acenou, posou para selfies, pegou em mãos e celulares alheios.
Muito além da demonstração de ignorância e do mau exemplo para a população, que a duras penas começa a se conscientizar dos cuidados para não se contaminar com o coronavírus, Bolsonaro inoculou mais uma dose cavalar do vírus da desconfiança na população, nos políticos, nos agentes econômicos, no país. Apoiou, com sua presença, um movimento com objetivos antidemocráticos – que, na democracia, tem até o direito de se manifestar, mas não poderia jamais, ter o apoio explícito de quem, há menos de um ano e meio, se elegeu dentro das normas da democracia para governar o Brasil sob as normas do Estado de Direito.