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Bozo, os milicos e a sepultura cavada

Bozo, os milicos e a sepultura cavada

Só vão sobrar os milicos no laranjal?

Por Altamiro Borges

Em meio aos enterros do coronavírus, Jair Bolsonaro também cava sua sepultura. Na semana passada, ele chutou o popular Mandetta; agora, demitiu o diretor-geral da PF e forçou a queda do “herói”  Sergio Moro. Já há boatos de que o abutre Paulo Guedes também vai dançar. Só vão sobrar os milicos no laranjal?

Mas já há tensão nos quarteis. Ouvidos pelo jornal Estadão, “oficiais-generais avaliam que o governo de Jair Bolsonaro terá dificuldades de se levantar após a despedida de Sergio Moro… Eles se disseram ‘perplexos’ e ‘chocados’ com as declarações acusando o presidente de interferência na PF e fraude”.

Ainda segundo o jornalão, “um dos militares disse que Bolsonaro virou, no mínimo, um ‘zumbi’ no Palácio do Planalto… ‘Tudo tem limite’, afirmou um dos generais à reportagem. Outro disse que o presidente cometeu ‘suicídio’ e não recupera mais seu capital político”.

Após sujarem novamente a sua imagem, será que os generais vão tentar limpá-la agora? Segundo o Estadão, ainda há dú sobre o que fazer. “O tamanho do problema ainda está sendo avaliado, mas todos ressaltam que as consequências são ‘imprevisíveis’. O que joga contra Bolsonaro é a credibilidade de Moro, afirmam”.

Bolsonaro virou um zumbi

Dois oficiais afirmaram que Jair Bolsonaro “destruiu as várias pontes de governabilidade que estavam sendo construídas… E, pior, que ele colocou o país em nova , num momento de grave pandemia do coronavírus”. Isolado, criminoso e, agora, basicamente, com apoio dos milicos!

Por fim, o Estadão registra: “Os oficiais-generais chegaram a lamentar que estejam nesse processo político – no governo – ‘até o pescoço’ e, agora, não sabem ainda como sair da encruzilhada em que se meteram”. Eles concordaram que a crise “põe o Congresso e a no debate do impeachment”.

Sobre o impeachment, os oficiais alertaram que o processo “é um caminho ‘longo’ e ‘difícil’ de ser executado. Por isso, prevalece a opinião na caserna de que o destino de Bolsonaro pode ser mesmo de seu antecessor, Michel Temer – um zumbi após as acusações que envolviam o grupo JBS”.

Ala militar pode forçar a renúncia

Mais venenosa, a Folha garante que a “ala militar do governo Bolsonaro entrou em crise com a bombástica saída de Sergio Moro do Ministério da e Pública. A retirada do apoio ao presidente é uma das hipóteses na mesa que, se concretizada, pode levar a uma renúncia” do presidente.

Segundo a Folha, “dois fatos fizeram elevar a pressão de setores importantes da cúpula sobre seus enviados ao governo. Primeiro, a publicação no Diário Oficial da exoneração do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, sem consulta aos fardados… Segundo, o pronunciamento explosivo de Moro em sua saída”.

“Um interlocutor direto da ala militar afirmou que os generais ficaram chocados com a acusação explícita de interferência na Polícia Federal… Na avaliação dos militares, o presidente isolou-se de vez com esses fatos”, relata a Folha, que aposta na saída dos milicos do laranjal.

E a Folha acrescenta: “Além da pressão interna, militares estão vendo subir a insatisfação do serviço ativo com a condução da crise do coronavírus… O comandante do Exército, general Edson Pujol, está cada vez falando menos a mesma do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo”.

O impasse entre os milicos é tão explícito que “os generais da ativa compartilharam não memes chamando Moro de traidor ou comunista, mas sim um no qual um jogador de em aquecimento ganha a cabeça do vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB)”, apimenta a Folha.

E o jornal conclui: “Para um político com trânsito livre entre os militares, a situação é irreversível para Bolsonaro. Ele só tem hoje a família, os fardados palacianos e alguns nomes no Congresso para se apoiar”. Se a ala militar recuar, “convida Bolsonaro a renunciar na prática”.

A paranoia do “capetão” 

Antes mesmo de confirmada a queda de Sergio Moro, a revista Veja ironizou a paranoia do “capetão”. “Acossado por teorias de que pode ser traído a qualquer momento por seus auxiliares, Bolsonaro costuma dizer que nenhum ministro é insubstituível”. Ele já chutou Mandetta e não teme o ex-juizeco, que sempre foi tão capacho.

Veja apimenta o caso ao informar que as “movimentações para trocar o comando da PF e, por tabela, desgastar Sergio Moro ocorrem no momento em que acaba de ser aberto inquérito para investigar de quem partiu o financiamento do ato antidemocrático de domingo passado”, que teve a presença do terrorista Bolsonaro.

“Investida de Bolsonaro contra Moro também coincide com decisão do presidente de fazer acenos a parlamentares do chamado Centrão, que reúne partidos como o PL, um dos protagonistas do mensalão, e o PP, legenda mais implicada na Lava-Jato”, conclui a Veja. Bolsominions vão pirar!

Os bolsominions vão pirar de vez

Antes mesmo da queda de Sergio Moro, o gado bolsonarista já andava meio perdido, mugindo pelos cantos. Ele estava apanhando até do próprio “capetão” Bolsonaro. “Em meio à crise do coronavírus, presidente tem dado demonstrações de impaciência com seus apoiadores”, registrou a Folha.

“As respostas ríspidas, antes reservadas apenas aos jornalistas, agora são dadas também a pessoas que integram a claque que costuma ir à portaria do Palácio da Alvorada para chamá-lo de , rezar por ele e também fazer pedidos”, informa o jornal. Os bolsonaristas vão pirar de vez!

Fonte: Brasil 247

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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