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O BRASIL QUEIMA NO ALTAR DO AGRONEGÓCIO

O Brasil queima no altar no agronegócio
 
Desce, poema, do céu do entendimento
Pra ajudar a entender este momento
Já se está chegando ao ponto de não retorno
A Floresta, o Cerrado e o Pampa gritam por socorro
Até qnd o agronegócio vai destruir nossos ?
Está secando a água das vertentes, igarapés e rios
A terra pede socorro neste tempo incerto e de estio
Vão plantar soja no deserto, no vazio?
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O Brasil queima no altar do Agronegócio
A soja reina, o teima, a fumaça reima!
 
Maria Maia
 
SÃO PAULO: INCÊNDIOS, QUEIMADAS, POLUIÇÃO E CHUVA PRETA
Foto: Reprodução/Facebook

SÃO PAULO: INCÊNDIOS, QUEIMADAS, POLUIÇÃO E CHUVA PRETA

O estado de enfrenta uma onda de incêndios e queimadas sem precedentes. Situação extremamente grave com um quadro de fogo absolutamente fora do normal e extraordinário. 
 
A situação das queimadas em São Paulo alcançou níveis alarmantes. Na sexta-feira passada, 23 de agosto, foram registrados 1.886 focos de calor, o dobro da média histórica mensal para agosto, que é de 914 focos.  Nos dois dias anteriores, segundo informações do MetSul, entre 22 e 23 de agosto, o número de focos de calor atingiu 2.316, ou seja, 253% da média mensal.
 
Com 49.743 focos de calor acumulados até o momento, o estado já superou os números de queimadas dos anos anteriores. Com a atmosfera tomada de material particulado de queimadas sem precedentes no estado paulista, no sábado, 24,caiu sobre São Paulo uma chuva preta  precipitação de soot, ou fuligem.
 
Soot (fuligem) e a chuva preta estão intimamente relacionados, especialmente em áreas urbanas e industriais onde há grandes quantidades de no ar. A chuva preta é um fenômeno que ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam sob a forma de chuva.
 
Esse tipo de chuva, de coloração escura, é indicativo de altos níveis de poluição, e geralmente é observada em locais próximos a áreas industriais, queimadas ou onde há intensa queima de combustíveis fósseis.
 
Resultado das fumaças das queimadas com à poluição atmosférica, a chuva preta ocorre pelo lançamento de fuligem e material particulado na atmosfera, que são partículas muito finas de sólidos ou líquidos que ficam suspensas no ar.
 
SÃO PAULO: INCÊNDIOS, QUEIMADAS, POLUIÇÃO E CHUVA PRETA
Brasília (DF), 25/08/2024 – Brasília amanhece encoberta por fumaça causada por incêndios florestais – Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
FUMAÇA DE SÃO PAULO CHEGA A BRASÍLIA 

Com os ventos, essas partículas são arrastadas por quilômetros, sendo levados para outras cidades. Brasília,  mais de 1.00o quilômetros distante de São Paulo, amanheceu tomada pela fumaça vinda das queimadas paulisas domingo do dia 25. 

Brasília amanheceu coberta por fumaça neste domingo (25). Segundo o de Bombeiros, a situação é proveniente dos incêndios no interior de São Paulo.

De acordo com a corporação, a fumaça chegou até Brasília devido “a mudança de cerca de 180º na direção do vento, ainda agravada por um sistema de alta pressão que não permite a dissipação da fumaça”.

Inicialmente, os bombeiros informaram que a fumaça era decorrente dos vários incêndios que aconteceram ao longo da semana, mas a informação foi corrigida às 11h.

Segundo o MetSul, a chuva preta tem implicações significativas para o meio ambiente e para a saúde pública. Ela pode contaminar a água, afetar solos e prejudicar a vegetação. Além disso, pode provocar a degradação de superfícies urbanas, como prédios e veículos, aumentando os custos de manutenção e problemas de poluição.

Fontes: CNN, O GLOBO, Agência Brasil.

SÃO PAULO: INCÊNDIOS, QUEIMADAS, POLUIÇÃO E CHUVA PRETA
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O FOGO NÃO DÁ TRÉGUA NO PANTANAL

O Pantanal, Patrimônio Nacional segundo a Constituição de 1988 e Patrimônio da e Reserva da Biosfera por declaração das Nações Unidas desde o ano 2000, é hoje um dos biomas brasileiros mais fragilizados pela intervenção humana e pelas mudanças climáticas.

Nos últimos anos, acreditava-se que a no Pantanal fosse um fenômeno ocasional e periférico, atingindo o bioma de forma irregular ou apenas em áreas de transição com outros biomas. Mas a verdade é que o Pantanal, um dos biomas mais úmidos que temos, também está perdendo água.

Segundo levantamento do Água, o “Pantanal foi o bioma que mais secou desde 1985”. Em 2023, foi observada uma redução de 61% com relação à média histórica da quantidade de água da superfície. A seca, em consequência, resulta em incêndios devastadores. Dados do MapBiomas mostram que, nos últimos cinco anos, 9% da vegetação do bioma foi degradada por queimadas.

Além disso, segundo registros do Departamento de Meteorologia da UFRJ, apenas em junho deste ano de 2024, foi observada a maior média de área queimada no Pantanal desde 2012. Em apenas um mês, o fogo destruiu assombrosos 411 mil hectares no bioma, sendo que a ação humana é a principal causadora das queimadas. Cerca de 84% dos incêndios são gerados por ações antrópicas, segundo a UFRJ. 

Segundo especialistas, as queimadas são agravadas e perduram pela falta de umidade em períodos de seca intensa, pioradas pelo processo de aquecimento global, além da ação antrópica local. Com as ações humanas acelerando o processo, acaba ocorrendo um círculo vicioso de condições que proporcionam secas mais duradouras e mais severas.

De fato, o fogo não dá trégua ao Pantanal. O Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ detectou, nos cinco primeiros meses de 2024, que a área queimada somou 332 mil hectares, 39% mais que a registrada em igual período de 2020, quando o bioma sofreu a pior destruição de sua história.

Agora, números contabilizando os primeiros dias de junho mostram que a devastação continua aumentando. De janeiro a junho deste ano, 372 mil hectares do Pantanal foram atingidos por incêndios – área que supera a de duas cidades de São Paulo. A extensão é 54% maior do que a afetada pelas chamas no mesmo período de 2020.

Até 14 de junho, segundo a plataforma BDQueimadas, do INPE, o bioma registrou 2.019 focos de incêndio em 2024.  Em igual período de 2023, foram 133 focos. Já em relação a 2020, apesar da atual área de devastação ser maior, havia mais focos – 2.206.

O Mato Grosso, que abriga cerca de 40% do Pantanal brasileiro (os outros 60% estão no vizinho Mato Grosso do Sul), lidera o ranking de queimadas dos estados neste ano, de acordo com o BDQueimadas. Entre janeiro e junho, mais de 28 mil focos de incêndios foram registrados no Brasil, sendo 7,4 mil somente em Mato Grosso, informa o G1.

O biólogo e diretor de comunicação da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, registrou de perto as cicatrizes que o fogo tem deixado na fauna e na flora pantaneira. As imagens, exibidas pelo G1, mostram um jacaré carbonizado, carcaças de animais e a cinza tomando conta da vegetação que já foi verde. 

 Para se ter ideia da estiagem, o G1 informa que em 15 de junho o nível do rio Paraguai, a principal bacia do Pantanal, estava 3,1 metros abaixo da média para junho em Ladário (MS), segundo o boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Para a SOS Pantanal, além da seca, os incêndios no Pantanal resultam também do impacto das mudanças climáticas, de fenômenos como El Niño e da falta de uma articulação pública mais eficiente contra o fogo.

A maior parte dos focos se concentra no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul, onde também foi registrada, em 2023, a maior perda de superfície de água proporcional, com redução de 53% em comparação com a média histórica.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina , em declaração à Agência Brasil, “há um agravamento dos problemas de climática e as consequências chegarão mais cedo este ano, com repercussão ambiental muito grave”. 

Com isso, fica a pergunta: será o Pantanal o próximo bioma a se tornar um imenso semiárido? Não se sabe. O que se sabe é que não é de hoje que existe consciência sobre essa possibilidade e também que existe gente lutando para que isso não aconteça. 

Em 12 de novembro de 2005, no dia que ficou marcado como o Dia do Pantanal, um pantaneiro, Francisco Anselmo de Barros, conhecido como Francelmo, ateou fogo ao próprio corpo, sacrificando sua própria vida para salvar o bioma que tanto amou. “Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo”, foi o que Francelmo deixou escrito em sua nota de despedida.

O BRASIL QUEIMA NO ALTAR DO AGRONEGÓCIO
EBC

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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