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O conhecimento que vem para iluminar todos os demais conhecimentos não é aquele que se dá pelos sentidos do paladar

O conhecimento a partir dos Sentidos

O conhecimento a partir dos Sentidos

O conhecimento que vem para iluminar todos os demais conhecimentos não é aquele que se dá pelos sentidos do paladar, tato, audição e olfato, mas sim pelo sentido da visão. A visão é o sentido que resume todos os outros sentidos.

O paladar, tato, audição e olfato têm cada um a possibilidade de levar o homem ao conhecimento. No entanto, estes sentidos destacados fazem com que o conhecimento seja dado ao homem, não pela forma espontânea de conhecer, mas que leva o homem a buscar o conhecer. Para eu conhecer por meio daqueles sentidos devo querer conhecer. O conhecimento que vem por estes quatro sentidos é aquele que quero conhecer ou mesmo que busco conhecer.

A forma pela qual busco conhecer através dos quatro sentidos é dada pelo alcance destes mesmos sentidos. O alcance do conhecer do tato é um alcance de relação. Onde posso fazer uma comparação relacional entre uma superfície lisa e uma outra áspera. Dentre a superfície lisa e a áspera existe o tato, o qual leva-me a conhecer aquela coisa querida.

A coisa querida por meu conhecer não será outra coisa que aquelas superfícies lisas e ásperas. A ponte que vai estar entre as superfícies é o tato e o que é querido por mim é aquela coisa querida, a qual me possibilita conhecer. A coisa querida não fica somente no plano do tato, ela vai também para aqueles sentidos que são queridos: paladar, audição e olfato. A coisa querida é aquela que eu quero conhecer ou busco conhecer.

Quando coloco algo em minha boca, tenho uma sensação de prazer ou desprazer. Isso depende do meu estado emocional? Uma coisa pode ser bastante doce e causar um prazer para mim em um momento, mas a mesma coisa pode ser repudiada por mim em outro momento, visto que o estado emocional que me facultou a gostar de tal doçura não foi o mesmo para conhecer aquela mesma doçura em outro instante.

O prazer e o desprazer não dependem do meu estado emocional. Este independe do que é querido por mim. Posso querer sentir doce uma pimenta porém a pimenta arde.  O estado emocional vai aperfeiçoar aquela coisa que é querida por mim; mesmo que o estado emocional independe daquilo que é querido por mim.

Em um contexto bem amplo o sentido da visão é também a coisa querida, visto que posso ficar de olhos fechados e só abri-los quando eu quiser. No entanto, em um sentido restrito não é bem assim; a perspectiva muda! Aqui tem algo que posso buscar conhecer que é o fato de que enxergo quando abro os olhos e este fato não é querido por mim.

Abrindo os olhos não tenho escolha se enxergo ou não, simplesmente, vou enxergar. Este fato de não poder escolher se enxergo ou não ao abrir os olhos é que posso falar que o sentido da visão (ou ato de enxergar) não é uma coisa querida por mim. A forma de conhecer pela visão parte de duas realidades que andam em paralelo: ver e enxergar.

Esta é distinta daquela outra. Logo, posso indagar: o que eu vejo? O que enxergo? Quais destas duas realidades possibilitam-me expandir o conhecimento de forma clara? O sentido da visão faz com que o homem compreenda melhor a realidade que o circunda. Ele impulsiona um conhecimento geral, ou seja, o homem “vê” toda esta realidade que está à sua volta e por outro lado a visão o leva a ter um conhecimento particular e específico que é o enxergar.

Enxergar é compreender as coisas na sua individualidade; é ele que possibilita a ciência levantar hipótese sobre a realidade. O conhecimento dado pelo ver é aquele que engloba a extensão do universo comas coias que a ele comporta; é o ver do senso comum que vê as coisas todas em conjunto.

O ato de ver é um tanto genérico, visto que percebe as coisas existentes não de forma unitária, particular, mas de maneira universal. Isto possibilita perceber a realidade sempre em relação com os seres que a compõem; jamais se percebe uma realidade na existência de maneira individual. Assim, para se conhecer bem as coisas se necessita usar ao máximo os sentidos.

Joacir d’Abadia, Pároco de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros. Filósofo. Escritor. Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel e Licenciando em Filosofia, membro da “Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano” (ALANEG) e da Casa do Poeta Brasileiro. A arte de capa desta matéria é  pintora Alice Haibara, que produz lindas imagens a partir da pintura com terra, apresentada à Xapuri pelo escritor e indigenista acreano Jairo Lima


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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