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O dedo de um jogador comove toda a Nação

O dedo de um jogador comove toda a Nação 

Por Pedro Paulo Paulino

 

Jornais, rádio, internet

Canais de televisão,

A imprensa brasileira

Volta completa atenção

Para um fato aterrador:

O dedo de um jogador

Comove toda a nação

 

Dedo mindinho do pé,

Que num momento infeliz,

Jogando bola distante

Na cidade de Paris,

Foi de repente atingido,

E o fato só tem sido

A desgraça do país.

 

A pátria inteira parou

Com esse acontecimento!

Um dedo do pé direito

Vem causando sofrimento

A milhões de brasileiros

Se ouve a todo momento!

 

A iimprensa, sempre atenta,

Não guarda nenhum segredo.

Doutores de gabarito

Acordaram hoje cedo,

Para uma junta formar

E com cuidado operar

Durante o dia esse dedo

 

Não faltam, para esse membro,

Cuidados especiais,

Que será trato em um

Dos melhores hospitais

Do Brasil e o mundo inteiro.

Coisa pra quem tem dinheiro

E fica em Minas Gerais

 

Reportgens, todo o tempo,

Estão a noticiar.

Na nora da cirurgia,

Todo o Brasil vai parar

Para ver o que acontece

E muitos vão fazer prece

Para o dedo de Neymar.

 

Segundo comunicou

O velho José Simão,

Vai ter cobertura ao vivo

Em toda televisão,

A Globo até vai mandar

Ao local, pra comentar,

O baba-ovo Galvão.

 

Porque, segundo a notícia,

Quando o fato aconteceu,

Uma equipe logo veio

E o atleta socorreu

Mas naquela ocasião

Foi o rabo do Galvão

o lugar que mais doeu!

 

Violência no país,

Ninguém quer mais comentar;

Eleiçoes pra presidente,

Nisto nem é bom falar;

O assunto agora é

O dedo “mindin” do pé

Do nosso craque Neymar.

 

Que tragédia pra nação!

Que comoção e que dor!

Toda a mídia brasileira

Dirigiu seu refletor

Entre fevereiro e março,

Para o quinto metatarso,

Do pé desse jogador!

 

Já pensou se esse dedo

(Deus o livre, creod em cruz!)

Tivesse que ser tratado

Pelos hospitais do SUS,

Onde só tem assistência

Da divina Providência

E os milagres de Jesus?

 

O dedo que foi comprado

Por quase um bi de reais

(Nem mesmo o dedo de um santo

Vale tantos cabedais!)

Não é um dedo comum

E será tratado em um

Dos melhores hospitais.

 

Reforma da Previdência

Mil tributos a pagar,

Inflação, custo de vida,

Só subindo sem parar,

Massacre à população,

Mas nada chama a atenção,

Como o dedo de Neymar!

 

Falcatruas no Congresso,

Um presidente impostor,

Metendo sem pena a faca

No povo trabalhador,

Rde Globo intolerante,

Mas nada é  mais importante

Que o dedo do jogador!

 

Enquanto houver gente besta,

Sabido não vai faltar.

Há milhões de brasileiros

Morrendo de trabalhar

Numa pátria corrompida,

E a mídia comprometida,

Com o dedo de Neymar!

Foto: Esportes

Cordel atribuído a Pedro Paulo Paulino, poeta popular e morador da Vila Campos, no interior de Canindé, no estado do Ceará.

Neymar Esportes


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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