“Evém o Chibamba, neném, ele papa minino, cala a boca…”
Diz a lenda que, nas terras de Minas, quando uma criança não quer dormir é só chamar o Chibamba. Esse bicho papão mineiro era muito conhecido nas antigas fazendas por amedrontar as crianças choronas, teimosas e malcriadas, mas principalmente as que faziam birra na hora de ir pra cama.
Quem um dia topou com o Chibamba diz que ele anda envolto em folhas de bananeira, ronca como um porco e caminha dando cambalhotas, como se estivesse dançando nas noites escuras das serras de Minas.
Contam também que o Chibamba veio da África, com os seres humanos escravizados, e que foi de lá que ele trouxe o costume de se vestir com as folhas da bananeira.
Mesmo agora que os tempos mudaram, que muita criança de roça vê televisão e sabe mexer com celular, o Chibamba continua firme fazendo criança dormir no interior de Minas Gerais.
FOLCLORE TRADICIONAL BRASILEIRO – O MITO DO CHIBAMBA
Tudo que você precisa saber sobre O Mito do Chibamba, um dos personagens mais enigmáticos e exóticos do Folclore Tradicional Brasileiro.
Por Editoria de Folclore – Site de Dicas
“Os Mitos, quando bem compreendidos, poderão vir a servir como ferramenta para a compreensão de diversas tradicionais posturas supersticiosas ocultas no interior de nossa psique.”
Amedronta as crianças que choram, as teimosas e as malcriadas, e também aquelas que insistem em não querer ir pra cama cedo. É uma espécie de Bicho Papão mineiro, cujo único papel conhecido é adormecer as crianças pelo medo.
O primeiro historiador brasileiro a documentar esse mito foi o pesquisador Vale Cabral.
E sua aparência é sem dúvida singular. Anda envolto em longa esteira de folhas de bananeira, ronca como se fosse um porco, e dança de forma compassada, dando pequenos passos, enquanto caminha. Às vezes, em meio à sua peculiar caminhada, dá uma paradinha seguida de giro.
O nome é um vocábulo africano, na verdade de origem Bantu, e teria como significado uma espécie de canto ou dança africana à exemplo do Lundu.
Há uma quadrinha que diz:
O Chibamba vestido de folhas de bananeira e dançando, lembra a África de onde o nome é originário. Em Angola e Congo, ainda hoje, os negros em suas tradições festivas e folclóricas, dançam vestindo elaboradas roupas feitas de folhas, ramos e galhinhos de plantas locais.
O Chibamba, é um remanescente dos rituais negros da África, que se transformou em Cuca, ou Negro Velho, e se tornou encarregado de fazer dormir à força as crianças. O fato de “roncar como um porco”, é uma adaptação puramente brasileira.
Chibamba, em Minas Gerais, pelo nome e maior influência negra do que indígena, é africano. Ali ele vive fazendo as crianças dormirem, mesmo quando não estão com vontade.
Informações Complementares sobre o Chibamba
Nomes comuns: Chibamba.
Origem: É africana.
De fato, os nativos africanos se vestiam com folhas e usavam máscaras assustadoras nos seus rituais de pesca, caça, e até mesmo os religiosos. Sua chegada ao Brasil mineiro, em seus terreiros festivos, onde as amas pretas de leite cuidavam dos seus bebês e também das crianças brancas, explica o surgimento do Chibamba como criatura assustadora.
Era uma oportunidade e tanto mostrar às crianças, aqueles figurantes caracterizados como monstros cobertos de folhas e mascarados, como sendo uma entidade que viria atormentar todas as crianças desobedientes que não queriam dormir cedo.
Na tradição africana, os figurantes cobertos de folhas e mascarados, simbolizavam a reencarnação dos seus antepassados, que ora os visitavam para abençoar suas festas, caçadas, colheitas, guerras e rituais de casamento.
Também os nossos índios dançavam envoltos em folhas e tecidos vegetais. Não é uma tradição dos Tupis, mas entre os pajés do Brasil colônia. E estes dançavam, nas horas dos rituais religiosos, disfarçados, cobertos de folhas e pintados com corantes vegetais. A dança lenta, rodada, com os figurantes cobertos com vestimentas ornamentadas, era tradição entre os Gês, Nu-aruacos e Caraíbas.
Mas a influência para a existência do Chibamba mineiro, é mesmo de origem africana.