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O que pensa um presidente ao tirar dinheiro da Educação para Defesa

O que pensa um presidente ao tirar dinheiro da Educação para Defesa

Por Helena Chagas

É natural que o Orçamento da União seja um território de múltiplas disputas entre governo, instituições políticas e forças da sociedade em torno da destinação do bolo de recursos arrecadados com os impostos. Faz parte do jogo que cada um queira puxar o máximo possível para seu ministério, que os deputados e senadores fiquem de olho em dinheiro para suas emendas, que representantes de setores e entidades ligados à Educação e à Saúde batalhem por mais verbas. A solução desses embates diz muito sobre a natureza de cada governo, cada Congresso, cada sociedade.

Em pouco mai de dez dias, o Executivo estará enviando sua proposta de Orçamento 2021 ao Congresso, e o que já foi possível perceber até agora, além da falta de dinheiro para investimentos para a economia voltar a crescer, é que a nova peça será feita à imagem e semelhança de Jair Bolsonaro, voltada unicamente para seus interesses.

LIQUIDIFICADOR DO LEGISLATIVO
Já se teve notícias de que o orçamento da Defesa terá mais verbas do que o da Educação, um absurdo tal que levou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a dizer que não acredita nisso. Hoje, os jornais noticiam que os R$ 2 bilhões do Censo do IBGE de 2021 podem ser destinados aos militares para completar o orçamento de pessoal das Forças Armadas. E o Censo? Fica para 2022. Uma clara prioridade bolsonariana.
Da mesma forma, os recursos destinados à Educação e à Saúde, já submetidos ao teto de gastos, vão ficar abaixo dos patamares do ano anterior – ainda que descontados os gastos com a pandemia. Ou seja, diferentemente da área da Defesa, esses setores não tem maior importância para Bolsonaro. No campo social, deve haver dinheiro para o novo programa, o Renda Brasil, ainda que insuficiente para manter o patamar e o alcance do atual pagamento do auxílio emergencial. Mas isso também terá a digital de Bolsonaro, que viu sua popularidade crescer nos últimos meses com o auxílio e vê aí o caminho para tentar a reeleição.
Tudo isso vai passar pelo liquidificador do Legislativo, e nessa batida muita coisa vai derreter ou ser esmagada. Outras prioridades serão incorporadas e diferentes setores ouvidos e considerados – ou não. Mas o Orçamento que um presidente manda ao Congresso deveria ser olhado com lupa por todos os seus eleitores antes do processamento parlamentar. Ao expor absurdos como tirar dinheiro da Educação para a Defesa, pois mostra claramente quem ele é.
Fonte: DCM

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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