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“O TERRITÓRIO”: DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO GANHA EMMY COM FILME INDÍGENA

“O TERRITÓRIO”: DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO GANHA EMMY COM FILME INDÍGENA

“O Território”, documentário produzido e estrelado por indígenas recebeu, no dia 7 de dezembro passado, o Emmy Award 2023, o “Oscar da Televisão”, como é conhecido o Emmy nos Estados Unidos e em todo o mundo.

Por Zezé Weiss

Gravado na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau – uma área de mais de 1,8 mil hectares onde vivem povos de 9 etnias, incluindo indígenas isolados – retrata a luta do povo Uru-Eu-Wau-Wau para defender suas terras.

Ivaneide Bandeira, a Neidinha, por décadas defensora da floresta e dos povos indígenas em Rondônia e uma das protagonistas do documentário, expressou o sentimento do movimento indígena em seu discurso durante a cerimônia de premiação, em Los Angeles: “Esse filme representa muito para os povos indígenas e para a nossa luta. Esse prêmio é de vocês, é do Brasil”. Também estiveram presentes em Los Angeles o protagonista Bitaté-Uru-Eu-Wau-Wau, a produtora Txai Suruí, o produtor  Gabriel Uchida e o diretor Alex Pritz.

Distribuído pela National Geographic, “O Território” foi filmado na Terra Indígena do Povo Uru-Eu-Wau-Wau, uma das Terras Indígenas mais ameaçadas e com o entorno mais desmatado na Amazônia Legal. O roteiro é forte, pungente: Em 1 hora e 24 minutos, o público acompanha a vida de Bitaté, um jovem Uru-Eu-Wau-Wau, e de sua mentora, Neidinha, na luta contra desmatamento ilegal, queimadas, invasão e grilagem na TI Uru-Eu-Wau-Wau.

O filme também homenageia outro jovem líder indígena, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, assassinado em 2020 por defender os povos indígenas de Rondônia e a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, localizada nos municípios rondonienses de Guajará-Mirim e São Miguel do Guaporé, e os povos indígenas que nela resistem:  Amondawa, Isolados Bananeira, Isolados do Cautário, Isolados no Igarapé Oriente, Isolados no Igarapé Tiradentes, Juma, Kawahiva Isolado do Rio Muqui, Oro Win e Uru-Eu-Wau-Wau.

ZEZE WEISSZezé Weiss – Jornalista. Com a colaboração de Janaina Faustino, a partir de informações divulgadas nas redes sociais. Foto de capa: divulgação.

 
 
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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