O uso insustentável do solo e o assoreamento dos rios
O assoreamento dos rios consiste no processo de arrastamento de partículas de solo pelas chuvas, das áreas mais altas das bacias hidrográficas para o leito dos rios, em um processo natural, ou seja, ocorre na natureza há milhões de anos. No entanto, nas últimas décadas, o uso insustentável do solo e dos recursos naturais vem potencializando o assoreamento dos rios e ameaçando a biodiversidade…
Por Eduardo Henrique

Rio Negro – Foto: EBC
Primeiramente, é necessário entender que a vegetação é um dos principais controladores naturais da erosão hídrica. Portanto, uma vez que a cobertura vegetal é retirada sem a utilização de critérios de conservação dos solos, a superfície fica suscetível à ação erosiva das chuvas, aumentando assim a quantidade de sedimentos transportados aos rios.
Com o aumento da taxa de assoreamento, os rios podem se tornar impróprios para a navegação. Além disso, o aumento da turbidez da água reduz a entrada de luz solar, afetando o plâncton, reduzindo a taxa de oxigênio dissolvido na água e, assim, acometendo diretamente peixes, anfíbios e outros animais que dependem dos seres vivos encontrados nos rios.
No Semiárido do Brasil, por exemplo, o contínuo assoreamento dos cursos de água é consequência de manejo inadequado dos solos, destruição das matas ciliares, abertura de estradas nas zonas rurais sem estruturas de contenção de sedimentos, desmatamento, salinização e abandono de áreas agrícolas.
De acordo com informações de agricultores e pesquisadores do Sertão de Pernambuco, os rios e riachos intermitentes da região já não são como eram há três ou quatro décadas. As nascentes deixaram de verter água, as espécies nativas das matas ciliares se tornaram escassas e os poços naturais nos leitos dos rios, que armazenavam água durante os meses de seca, encontram-se assoreados.
Portanto, é imprescindível promover em âmbito local, regional e nacional, ações que visem à conscientização ambiental, ao desenvolvimento de técnicas sustentáveis nas bacias hidrográficas, à fiscalização ambiental, recuperação de áreas degradadas, recomposição de matas ciliares e recuperação das nascentes.

Porto Praia – Foto: Amazônia Real
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Assoreamento dos Rios
O assoreamento das águas ocorre a partir da presença de sedimentos (solo, lixo, entulho, esgoto) que escoam com as chuvas ou ventos e são depositados nos fundos dos rios.
Este processo ocorre devido à falta de vegetação nas margens dos rios (mata ciliar), o que lhe causa danos, que muitas vezes se tornam irreversíveis. Podemos citar como principais consequências a perda de espécies ou do próprio curso de água.
A mata ciliar recebe esse nome, uma vez que se compararmos os cílios dos olhos humanos, veremos que elas possuem uma função primordial: a proteção.
Sendo assim, da mesma maneira, as matas ciliares protegem os rios e as lagoas na medida que estão localizadas próximas às nascentes, e auxiliam na diminuição do impacto dos processos erosivos.
Essa vegetação nativa ribeirinha possui uma importância biológica, pois evita a erosão fluvial de forma que asseguram o curso normal das águas. Essa mata funciona como uma barreira, obstáculo e filtro, na medida que impedem a entrada sedimentos nos rios, conservando o solo de suas margens.
Assim, esse solo é arrastado formando um grande banco de areia no fundo dos rios ou lagos, resultando no alargamento dos rios, diminuindo assim, sua vazão e sua profundidade. Além disso, a água fica mais turva o que impossibilita a entrada de luz, dificultando a reprodução de diversas espécies.![]()

Não obstante, nos últimos anos, o processo acelerado de desmatamento (no geral realizado para atividades agrícolas ou pecuaristas) tem impactado diretamente o meio ambiente. A remoção da vegetação das margens dos rios são uma das mais afetadas, o que leva ao processo de erosão das áreas próximas.
Não obstante, para que o processo de assoreamento diminua é necessário que as matas ciliares sejam preservadas e cultivadas evitando, dessa maneira, o assoreamento das águas.
Além disso, a introdução de projetos de conscientização da população e das indústrias a fim de alertar os devidos locais para o lançamento do lixo domésticos e industriais.
Para os rios que já sofrem com o fenômeno, processos de “desassoreamento” são capazes de aumentar a vazão dos rios. A melhor maneira de fazer isso é através das técnicas de drenagem, retirando do fundo das águas o acúmulo de sedimentos.
Note que esse fenômeno está intimamente ligado à erosão posto que está baseada na desagregação das rochas e do solo. Estes sedimentos são empurrados para os rios e lagos, causando um depósito de sedimentos e o assoreamento.
Isso prejudica a reprodução de diversas espécies, levando muitas vezes, a extinção. Além disso, a área fica afetada no sentido de impedir a navegação e inúmeras vezes responsável por diversas enchentes urbanas.
Para saber mais: Erosão e Desmatamento
Assoreamento do Rio São Francisco
O Rio São Francisco, popularmente chamado de “Velho Chico”, liga o Centro Sul ao Nordeste do país e tem sido pauta dos ambientalistas, visto que o processo de assoreamento vem acarretando diversos problemas.
Os principais pontos levantados vão desde dificuldade da reprodução de animais e até mesmo a navegação, importante para o transporte, seja de pessoas ou de materiais.
Estudos realizados recentemente pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) apontam que a queda no volume total do rio chegou a 35%, nos últimos 40 anos.






