PEDIDO EM MAIÚSCULAS: TENHAM MEDO, POR FAVOR!

PEDIDO EM MAIÚSCULAS: TENHAM MEDO, POR FAVOR!

Por Lucia Pellanda

Até agora, eu evitei falar que “as próximas semanas são críticas” por vários motivos:

1. Todas as semanas de uma pandemia são críticas, e todas exigem o maior cuidado que pudermos dar
2. As semanas críticas podem mudar radicalmente de acordo com o nosso comportamento coletivo. Então, aquelas que realmente eram críticas no fim de março e começo de abril, por força de um esforço concentrado, nao foram críticas, felizmente.
3. Não gosto de usar o medo como motivador de mudança de comportamento- nao funciona por muito e geralmente nao atinge as pessoas que precisam ouvir (se medo funcionasse, ninguém fumaria depois de ver aquelas fotos horríveis nas embalagens de cigarros).

Tendo dito tudo isto, agora vou me contradizer, por um motivo mais forte que os acima.

ESTAS DUAS PRÓXIMAS SEMANAS SÃO MUITO CRÍTICAS SIM. O PERIGO DA COISA DESANDAR É MUITO GRANDE, TENHAM MEDO POR FAVOR.

O motivo forte é que a situação piorou muito nas últimas duas semanas. Se isso se mantiver, um esgotamento é possível. E daqui a duas semanas chegamos em um momento que normalmente já é de UTIs cheias todos os anos, o auge das internações por respiratórias.

Uma única boa notícia? Reforçar as medidas de distanciamento ajuda a prevenir essas outras doenças também. Então, quer você acredite em pandemia ou em gripe comum (lembrando que a gripe comum também causa todos os anos), por favor tome um cuidado extra nestas duas semanas e FIQUE EM CASA SEMPRE QUE PUDER.

Resumo das recomendações:
1. Fique em casa sempre que puder
2. Fique em casa sempre que puder
3. Fique em casa sempre que puder
4. Saia somente para coisas essenciais, como trabalhar, ir à farmácia ou ao mercado.
5. Pense e repense se precisa sair e planeje muito bem horários e trajetos para não enfrentar aglomerações
6. Use máscara corretamente quando sair de casa. Ao retirar a máscara, toque nas alças e coloque em um saco fechado para poder lavar quando chegar em casa. Troque a máscara sempre que estiver úmida ou a cada duas horas. Não deixe a máscara em cima da mesa ou rolando por aí. Lave as mãos antes de colocar e sempre que tocar na máscara.
7. Mesmo de máscara, mantenha distanciamento das pessoas, de preferencia de 2m, ou até mais, se forem pessoas fazendo atividade física.
8. Lave as mãos com frequência, ou use álcool gel se nao for possível lavar as maos
9. Evite tocar no rosto e NÃO TOQUE NA MÁSCARA.
10. Festinhas NEM PENSAR. Você quer mesmo ser a pessoa responsável pela internação de um amigo ou familiar? Mesmo que transmita o vírus sem saber, que peso isso vai ter na sua consciência? Demonstre e amizade NÂO vendo as pessoas agora.
11. Se quiser, compre a no restaurante, mas leve para comer em casa. Não fique sem máscaras em lugares fechados com outras pessoas.
12. Evite ar condicionado, prefira ambientes ventilados
13. Ao voltar para casa, tome os cuidados gerais de higiene, sem exageros, mas também não vá abraçar a vovó assim que chegar.
14. Pense em como pode ajudar. Tem muitas formas e muita gente precisando.
15. Fique em casa sempre que puder
16. Fique em casa sempre que puder
17. Fique em casa sempre que puder.
18. Se você é uma pessoa que pode ficar em casa, pode ajudar imensamente quem precisa sair.

É SÉRIO. AGORA TÁ NA HORA. DÁ PARA REVERTER, SE FIZERMOS UM ESFORÇO CONCENTRADO.
POR FAVOR, NUNCA PEDI NADA. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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