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PEDRO RAMOS: UMA VIDA EM DEFESA DA HUMANIDADE

PEDRO RAMOS: UMA VIDA EM DEFESA DA HUMANIDADE

Pedro Ramos: Um vida em defesa da Humanidade
 
Pedro Ramos foi, para mim, muito mais do que um amigo, foi um orientador, um companheiro da luta.  Tenho muito orgulho de ter convivido com esse ser humano que, com sua linda história,  ele tem uma linda história que serve de exemplo para brasileiros e brasileiras. 
 
Por Edel Moraes
 
Foi o Pedro Ramos quem me me entregou a missão de participar da comissão que discutia as temáticas de REDD+ e de Povos e comunidades Tradicionais, e preparava a Lei 6040, que define os PCTS.  Assim, também parar na elaboração da Lei  13.123, de Acesso ao Patrimônio Genético e Conhecimentos Tradicionais Associados, bases essas que, não tenho dúvidas, me qualificaram e me trouxeram à Secretaria de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável, cargo que hoje ocupo com muita responsabilidade e compromisso, como sempre me ensinou meu Mestre Pedro Ramos. 
 
Lembro-me de uma de nossas primeiras conversas. Eu disse: Senhor Pedro Ramos… E ele, rápido, me respondeu de forma brincalhona: “Senhor é do céu, me chame só de Pedro, mesmo.” Eu, claro tinha dificuldade em tratá-lo assim, não só pela diferença de idade, mas pelo conhecimento e história que ele tinha. Mas lá estava eu, discutindo REDD+ com o Pedro e com o Rubão (Rubens Gomes), que também já ancestralizou, e os dois entusiasmados com a presença de uma “jovem mulher” no debate. Tempos depois daquela primeira conversa, fui indicada pelo CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas).
 
Meu amigo Pedro era sábio e falante. Vivia contando suas histórias de luta em defesa da floresta; sem mágoas, mas com clareza política, falava de seu longo exílio  na Guiana Francesa, na época da ; e se entusiasmava ao dizer que tentou e levou tecnologias de geração de energia para os mais distantes rincões da . Foi ele quem me levou para o Encontro sobre e Comunidades Tradicionais, do qual participou ativamente. Enquanto teve saúde, mesmo com idade avançada, Pedro Ramos era figura presente em todas as reuniões do CNS
 
Despeço-me, com gratidão, de Pedro Ramos de Sousa, doutor nativo da floresta, sábio da natureza, guerreiro de seu tempo, inspiração para as gerações do tempo presente, bússola do nosso caminhar nos tempos futuros. Obrigada, Pedro, por seu meu amigo, por ter me orientado na jornada, obrigada pelo Encontro. 
 
Pedro Ramos:  PRESENTE!
Na floresta tem gente!
 
Edel Moraes -Amiga de Pedro Ramos.
 
PEDRO RAMOS: UMA VIDA EM DEFESA DA HUMANIDADE
Foto: Cristina da Silva

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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