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Pirenópolis: Show, o Sebo do Grilo!

Pirenópolis: Show, o Sebo do Grilo!

Curiosa, essa história do Sebo do Grilo. 

Juliana Bernardes e Chico Filho são artistas de raro talento. Compõem, tocam, dançam, cantam e juntam gente em torno da goiana e de raiz. Formosenses de nascimento e toda, de uns tempos pra cá deram de encantar com essa paixão  de cidade que é Pirenópolis.   Por fim,  caíram tanto de amores que aconchegaram seu filho Francisquinho e se mudaram de  mala e cuia para Piri.

Chiquinho, historiador e professor, pediu e conseguiu transferência pra uma escola de Piri. Ju, inquieta criadora, foi logo dando um jeito de fazer vida cultural com o povo da cidade. Criou o Cuia para integrar e divulgar o melhor de suas duas paixões, as culturas de e Pernambuco. Chico, também um danado de ótimo cantor, arranjou logo um jeito de tocar e cantar na noite de Piri.

Desde Formosa, Chico já dava de mexer com essa ideia do Sebo. No começo, em 2004, era só um hobby, era sebo e brechó, que abria de quando em vez, lá na Praça da Feira. Abria mais para sarau noturno, pra rodas de e de composição do que pra vender livros e fazer finanças. Tinha uma coleção eclética de poucos livros e discos, um colchão pro casal, uma rede pras visitas, um fogão pra coar café, um violão sempre afinado, e só.

 

sebo do grilo Vi

 

Em Piri, Ju começou levando livros pras feiras da cidade, aos sábados. Foi dando certo, foi criando sustança. Aos lado dos tradicionais livros e discos, acabou entrando moda indiana, que a dona sempre veste, e uma exposição do artista Cícero Matos com telas, camisetas e peças decorativas.

 

SEbo do Grilo 5

 

Ju e Chico não tiveram outro jeito, abriram loja na Rua do Carmo, no 10 (aquela antes da vermelha que só passa um carro de cada vez), agora sob a feminina administração de Juliana Bernardes. É de lá, de um casarão antigo danado de lindo que Juliana atende locais e turistas enquanto cuida do sebo virtual www.estantevirtual.com.br/sgrilo e da fanpage no Face:  facebook.com/sebodogrilopiri.

 

Sebo do Grilo VIII

 

Esse show de empreendimento da criativa e solidária funciona  de quarta a sexta (12:00/17:00) e sábado e domingo (10:00/18:00). Ah, e Juliana  é também a representante da Xapuri em Pirenópolis.

 

SEbo do Grilo 2

 

 

Você estando por lá e querendo: uma edição impressa da revista, fazer uma assinatura, ou reservar um anúncio, é só passar pelo Sebo do Grilo, na charmosa Rua do Carmo, lá em Piri!

 

SEbo do Grilo v

 

ANOTE AÍ! As fotos são todas da Ju.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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