Carta para Alice: “Pirralha,
O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica do absurdo, característica dos sonhos.
Este está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carroll, de paródias a poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas frequentemente através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade.
É assim uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos.
Este livro possui uma continuação Alice do Outro Lado do Espelho, e ambos influenciam ainda diversas obras como The League of Extraordinary Gentlemen, de Alan Moore e Sandman, de Neil Gaiman.
ORIGEM
Em 4 de julho de 1862, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa, Charles Lutwidge Dodgson (Lewis Carroll), que então tinha 30 anos, na companhia do seu amigo Robinson Duckworth, conta uma história de improviso para entreter as três irmãs Liddell (Loriny Charlotte de 13 anos, Alice Pleasance Liddell de 10 anos, e Edith Mary, mais nova de 8 anos).
Eram filhas de Henry George Liddell, o vice-chanceler da Universidade de Oxford e decano da Christ Church, bem como diretor da escola de Westminster. O passeio começou em Folly Bridge, perto de Oxford e terminou na aldeia de Godstow.
Dando inicio ao conto de fadas das aventuras subterrâneas de Alice, em que a maior parte das aventuras foram baseadas e influenciadas em pessoas, situações e edifícios de Oxford e da Christ Church, onde por exemplo, o Buraco do Coelho (Rabbit Hole) simbolizava as escadas na parte de trás do salão principal na Christ Church.
Acredita-se que uma escultura de um grifo e de um coelho presente na Catedral de Ripon, onde o pai de Carroll foi um membro, forneceu também inspiração para o conto.
Essa história imprevista deu origem, a 26 de novembro de 1864, ao manuscrito de Alice Debaixo da Terra (título original Alice’s Adventures Under Ground) com a finalidade de oferecer à Alice Pleasance Liddell a história transcrita para o papel.
Mais tarde, influenciado tanto pelos seus amigos como pelo seu mentor George MacDonald (também escritor de literatura infantil), decidiu publicar o livro e mudou a versão original, aumentando de 18 mil palavras para 35 mil, acrescentando notavelmente as cenas do Gato de Cheshire e do Chapeleiro Louco (ou Chapeleiro Maluco).
Deste modo, a 4 de julho de 1865 (precisamente três anos após a viagem), a história de Dodgson foi publicada na forma como é conhecida hoje, com ilustrações de John Tenniel. Porém, a tiragem inicial de dois mil exemplares foi removida das prateleiras devido a reclamações do ilustrador sobre a qualidade da impressão.
A segunda tiragem, ostentando a data de 1866, ainda que tenha sido impressa em dezembro de 1865, esgotou-se nas vendas rapidamente, tornando-se um grande sucesso, tendo sido lida por Oscar Wilde e pela rainha Vitória. Na vida do autor, o livro rendeu cerca de 180 mil cópias. Foi traduzida para mais de 125 línguas e só na língua inglesa teve mais de 100 edições.
Em 1998, a primeira impressão do livro (que fora rejeitada) foi leiloada por 1,5 milhão de dólares americanos.
Algumas impressões desta obra contêm tanto As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, como também a sua sequência Alice no Outro Lado do Espelho.