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População de onças-pintadas no Parque do Iguaçu se mantém estável, diz pesquisa

População de onças-pintadas no Parque do Iguaçu se mantém estável, diz pesquisa

Censo realizado com populações entre e Argentina mostram estabilidade na população em relação aos últimos levantamentos.

Por Jéssica Martins/ O Eco

A estabilidade das populações de onça-pintadas entre Brasil e Argentina nos últimos dois anos é um bom sinal já que os animais tiveram forte declínio no início do século. Esta é a conclusão do censo realizado pelos Projetos Onças do Iguaçu e Yaguareté, que monitorou 582.123 hectares entre o Brasil e Argentina, na região conhecida como Corredor Verde, maior área restante de onças-pintadas na . Os resultados demonstraram que a quantidade de animais não teve muita variação entre 2020 e 2022, fato animador, pois a população de onça-pintada enfrentou fortes declínios no final da década de 90 e início dos anos 2000.

A população vem sendo acompanhada nos últimos 20 anos pelos dois projetos, que fazem censos bianuais de maneira simultânea para acompanhar a conservação da espécie. Entre 1990 e 1995 a região que abrigava entre 400 e 800 onças sofreu um declínio e em 2005 restavam apenas entre 9 e 11 onças no Parque Nacional do Iguaçu.

Para a realização do Censo, os projetos contaram com 224 pontos de amostragem nos dois países (72 no Brasil e 152 na Argentina) e 3763 fotografias de 55 onças-pintadas adultas. Com esse material as informações foram cruzadas e levando em consideração a quantidade de hectares que foram cobertos com a amostragem e a quantidade de onças-pintadas diferentes registradas, foi possível indicar o número mínimo e máximo de indivíduos que a população poderia ter.

No último censo, que foi gerado em 2022, os resultados indicaram uma estimativa média, com 95% de certeza, de 93 onças-pintadas (entre 73 e 122) no Corredor Verde de Argentina e Brasil. Para o Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil, o número médio foi de 25 animais (entre 19 e 33). Dados que demonstram estabilidade nos últimos 7 anos, desde 2016 a população tem valores próximos a 100 animais.

“O censo indica uma estabilidade da população. À medida que a população vai ficando perto da sua capacidade de suporte, o crescimento é mais lento. Mas [o resultado da pesquisa] indica também que a gente está conseguindo manter essa estabilidade com bastante esforço de conservação. Esforços do ICMBio para controlar a caça, esforço nosso [ Onças do Iguaçu] para envolver a comunidade do entorno, para reduzir o risco de abate de onças. Um bacana de engajamento, de trabalho de pesquisa. Então o que indica pra gente é que não podemos bobear. A população está estável porque tem um esforço de conservação, que deve ser continuado para que a gente consiga manter ou aumentar essa população”, explica Yara de Melo Barros, coordenadora do Projeto Onças do Iguaçu.

Jéssica Martins – Estudante de Ciências Biológicas. Fonte: O Eco. Foto: Projeto Onças do Iguaçu. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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