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Porto Feliz: Explodem as mortes por covid na capital da cloroquina

“Não vamos dar conta”: Porto Feliz, a capital da cloroquina, tem explosão de mortes por covid

Desde abril dono passado, os medicamentos são oferecidos a todas as pessoas com suspeita de infecção por coronavírus que buscam atendimento na rede pública.

Por Joaquim de Carvalho/ brasil247

O bilionário Carlos Wizard visitou Porto Feliz em junho, já se apresentando como secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, na gestão de Eduardo Pazuello.

Após o encontro com o prefeito, mentiu à imprensa que a cidade não tinha tido nenhuma morte por covid-19.

“Precisa ter mais evidência do que uma cidade com 75 mil habitantes, com mais de 500 infectados e sem nenhum óbito?”, comentou.
A cidade tem 52 mil habitantes e já naquela época 60 casos confirmados e três óbitos pela doença.

Wizard, o prefeito de Porto Feliz e equipe (foto:prefeitura de Porto Feliz)
Wizard, o prefeito de Porto Feliz e equipe (foto: prefeitura de Porto Feliz)

Ainda assim, Porto Feliz continuou sendo apresentada por bolsonaristas como exemplo de que o tratamento precoce funciona.

Em janeiro, o prefeito recebeu a visita de outro bilionário, Luciano Hang, que também elogiou o modelo de tratamento adotado na cidade.

Nesta semana, quando estive lá para produzir o documentário sobre a cloroquina, o clima era tenso em razão da explosão de casos e mortes.

Na terça-feira à noite, uma de 40 anos morreu e foi sepultada por volta das meia-noite. Na manhã de quarta-feira, outra mulher faleceu de covid-19. Ela tinha 80 anos. 

Há três semanas, o marido dela já tinha sido enterrado com a doença e a filha do casal se encontra internada em estado grave no hospital de uma cidade vizinha.

Nesta sexta-feira, mais duas pessoas morreram, e o número de óbitos chegou a 101 — 21 a mais que o de Tietê, cidade a 20 quilômetros, que tem 42 mil habitantes.

O prefeito Cássio, muito falante no ano passado, não deu entrevista ao 247. 

No passado, foi elogiado em live por Bolsnaro e deu entrevistas aos jornalistas bolsonaristas Alexandre Garcia e Leda Nagle.

O presidente da Câmara, Marcelo Pacheco, que também é médico, aliado do prefeito e irmão do vice, teve um áudio vazado em que fala da situação dramática de Porto Feliz.

“Você não tem ideia de como está lá. Ficou lá no hospital, mas este final de semana piorou mais ainda.O hospital está praticamente lotado só de paciente com covid. Este mês de junho vai ser difícil. Acho que não vamos dar conta no hospital, não. Você fala para o pessoal da sua família, para o pessoal ficar tudo quietinho aí, este mês, para não ter problema, porque não vai ter vaga em lugar nenhum”, afirma.

Eu o procurei por telefone. O presidente da Câmara confirmou o áudio e, quando me identifiquei como jornalista, pediu que ligasse mais tarde. Foi o que fiz, mas ele não atendeu.

A farsa da cloroquina em Porto Feliz será um dos capítulos do documentário, que mostrará o caso do senhor Antônio , que tomou ivermectina que a agente de saúde da Prefeitura levava na porta da casa dele, duas vezes por mês.

Há alguns meses, ele foi sepultado no cemitério Novo, um dos dois de Porto Feliz. “Não funcionou”, disse uma das filhas sobre o efeito do tratamento precoce.

Nicolau, que mora em uma chácara e recebeu o kit covid, também morreu. Perguntado se processaria a prefeitura, o filho respondeu. “Não adianta, não vai trazer ele de volta”.

Em Porto Feliz, é comum encontrar pessoas na rua sem usar máscara, e grandes aglomerações se formaram na feira livre que se realizou na noite de quarta-feira.

O prefeito foi reeleito com cerca de 92% dos votos, depois da intensa distribuição de ineficaz contra a covid-19 e do apoio de bolsonaristas como Wizard.

Fonte: brasil247


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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