Pra quem ainda acha que a família de Lula roubou

Pra quem ainda acha que a família de Lula roubou

Por Zepa Ferrer, no Facebook

Desde a morte de dona Marisa, filhos e noras de Lula ficaram traumatizados pelo infortúnio e a perseguição. “Quem acompanha de perto sabe a dificuldade que essas pessoas têm”, diz Paulo Okamoto, ex-metalúrgico responsável pelo Instituto Lula e um do ex-presidente desde os do sindicato em São Bernardo do Campo.

“Não conseguem trabalhar, não têm tranquilidade para estudar, os netos são hostilizados na . Ao condenar o Lula, condenaram a família. Deviam sair do , mas quem vai fazer isso com um pai na cadeia?”

Tampouco teriam condição para isso, já que atravessam sérias dificuldades financeiras. Estão com os negócios à míngua ou tecnicamente desempregados, à exceção da filha Lurian e do filho Luiz Cláudio, que acaba de assumir um posto de assessoria no gabinete do deputado estadual por , Emídio de Souza, do .

Na terça–feira passada, Emídio foi instado a dar explicações à imprensa a respeito de sua escolha, e Luiz precisou esquivar-se dos repórteres. Vai ganhar 6 mil reais por mês.

“Que empresá dará emprego a esse pessoal?”, pergunta-se Okamoto.

“É sempre a mesma história: ‘Mas os filhos do Lula são ricos, por que estão trabalhando aqui?’

O pedagogo Marcos, filho mais velho, cuida de um pequeno mercadinho e está tentando montar uma distribuidora de carvão. Depois da morte de dona Marisa, mudou-se com a família para o interior de São Paulo, disposto a refazer a vida.

Mas, num episódio nunca esclarecido pelas autoridades, teve a nova casa invadida pela polícia sob o argumento de que buscavam desmantelar uma quadrilha de tráfico de drogas. Levaram computadores, devolvidos mais tarde. Nada foi encontrado.

Desde então, ele e a mulher lutam para superar o trauma, transformado em doença. Todos os outros filhos foram alvos de busca e apreensões que reviraram imóveis, recolheram máquinas e documentos.

 

O neto Arthur, filho de Sandro e Marlene, testemunhou a ação quando os policiais foram à casa da família. Não há notícia de que algo de suspeito tenha sido apanhado em qualquer uma das operações.

O ipad de Arthur, levado do apartamento de Lula, jamais foi devolvido. Desse processo, Sandro herdou uma síndrome do pânico, hoje sob melhor controle.

Fábio Luís, o Lulinha, é um dos donos da PlayTV, um canal por assinatura que veicula informações sobre , filmes, e jogos de computador. Antes, firmara parceria com a Oi para produção de conteúdo jovem para telefones celulares.

De “sócio” da empresa nesse empreendimento, foi catapultado pelos antipetistas a “dono da Oi”. Fosse verdade, seria um grande case de fracasso, visto que o “dono da Oi” não consegue mais acesso a empresários capazes de veicular seus reclames no canal.

“Tudo que se relaciona a Lula e ao PT ganhou a marca de uma grande organização criminosa”, diz Okamoto. “A Receita passou a fiscalizar em minúcia e aplicar sanções absurdas. O próprio instituto, por exemplo, foi multado em 15 milhões de reais por desvio de função, mas nos últimos anos arrecadamos uma média de 5 mílhões por ano.

Como vamos pagar isso? Todas as empresas dos filhos do Lula foram investigadas por tráfico de . Se não encontram nada, acabam achando algum problema de gestão, muitas vezes erros que a gente comete sem nem saber que é proibido. Isso foi minando 5 negócios.

 

”0 filho Luiz Cláudio, que tentou montar uma liga de americano no BrasiL foi denunciado por tráfico de influência pela Operação Zelotes. Réu em um processo e denunciado em outro.

Na cadeia há um ano, Lula não esmorece. “Qualquer pessoa que comete um crime e sabe que cometeu de alguma forma se entrega e apenas torce para pegar uma pena menor”, diz um de seus advogados, Luiz Carlos Rocha. ‘“A diferença para outros réus é a convicção que ele tem de não ter feito nada de errado.

Lula faz da sua inocência a sua força motriz. Não admite nem conversar sobre a possibilidade de um indulto, nem mesmo de uma prisão domiciliar. Quer ser julgado e inocentado.”

No primeiro dia de visita depois da morte de Arthur, o deputado cearense José Guimarães, do PT, esteve na carceragem da PF. Assim que entrou, abraçou o ex-presidente e passou a dizer-lhe palavras de consolo. Foi interrompido na hora. “Zé, eu tenho 73 anos e ainda estou
tentando entender tudo o que aconteceu comigo. Vamos seguir em frente e vamos lutar!”

Fonte: Brasil 247

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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