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As duas prisões políticas de Lula

As duas prisões políticas de Lula

Abril vem chegando com muitas provações para Lula. Depois do ataque de Moro e do aumento de sua pena para 12 anos e um mês de prisão pelo TRF-4 no dia 24 de janeiro em Porto Alegre, no próximo 4 de de abril o STF julga o Habeas Corpus que pode manter ou mandá-lo, quase quatro décadas depois dos anos bicudos da ditadura, de volta para a prisão.

A injustiça  da caçada atual por parte de um sistema judiciário que, sem crime e sem prova, condena e persegue Lula com requintes de crueldade, é de conhecimento  dos povos do e do mundo inteiro. As matérias a seguir, garimpadas na internet contam um pouco dessa trajetória de perseguição a um a um justo e, com isso, retirar do povo brasileiro o legítimo direito de elegê-lo novamente presidente da República em 2018.

Os frequentes ataques à Caravana de Lula pelo sul do Brasil, incluindo o atentado a tiros aos ônibus da caravana nesta terça-feira, 27 de março, aumentam a preocupação da família e Lula, dos e das dirigentes petistas, e das pessoas que defendem a democracia, sobre os riscos de uma tentativa de assassinato de Lula nas próximas semanas.  Os artigos abaixo, garimpados na internet, registram a perseguição histórica ao maior líder popular brasileiro de todos os tempos.

Há exatos 34 anos, Lula foi preso pelo DOPS

Por Tamára Baranov/Jornal GGN (em abril de 2014) 

No dia 19 de abril de 1980, Luiz Inácio Lula da Silva, então líder sindical no ABC paulista, foi preso pelo DOPS, a polícia política do regime militar. O sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, era presidido pela segunda vez por Lula quando, em maio de 1978, foi deflagrada a greve dos metalúrgicos, com a paralisação da fábrica da Scania.

O movimento grevista iniciado no ABC se alastrou por, praticamente, todos os estados do país. Milhões de trabalhadores, de todas as classes, da cidade e do campo, se mobilizaram. Luis Inácio Lula da Silva ganhou projeção nacional, sob sua liderança metalúrgicos se reuniam em grandes assembleias em São Bernardo do Campo.

No estádio municipal da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, novo movimento ocorreu em 1979, com duração de 15 dias. A maior de todas as greves, que durou 45 dias, ocorreu em 1980. Dessa vez, a repressão foi ainda maior. No dia 19 de abril, os dirigentes sindicais, entre eles, Lula, foram presos e, mais uma vez, houve intervenção no sindicato.

Lula foi processado e condenado com base na Lei de Segurança Nacional. Foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar, mas afastado da presidência do sindicato.

 

5 revelações curiosas sobre a prisão de Lula na ditadura

Nos 31 dias em que ficou preso no DOPS, Lula fez “assembleia” com os investigadores e assistiu a um jogo do Corinthians. Veja outros fatos

São Paulo – Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os militares devem ter se arrependido de tê-lo prendido durante a ditadura. A minha prisão politizou o movimento, afirmou em depoimento à Comissão da Verdade gravado nesta segunda-feira.
Em 1980, o ex-presidente, que já era um sindicalista influente, liderou uma grande greve de trabalhadores. Após 17 dias de paralisações, Lula foi levado para a prisão. Os militares cometeram a burrice de me prender. Foi uma motivação a mais para a greve continuar, disse.
Mas ele diz ter sido bem tratado durante os 31 dias em que esteve na cadeia. Foi uma prisão VIP, brinca ao relatar que assim que chegou ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) foi guiado para a sala de Romeu Tuma, então diretor do órgão.
Os tempos eram outros. Lula foi preso quando o regime militar já dava seus primeiros sinais de esgotamento. “Se anos antes, um simples boletim sobre arrocho de salários gerava prisão, naquela época, a relação era diferente. Já no meu tempo, a gente ia para porta de fábrica e xingava coronel”, afirmou.
Por isso, Lula afirma que relatou o que fazia nos sindicatos. O que eu tinha que falar, eu falava. Os discursos nas portas das fábricas eram públicos, disse.
Veja alguns fatos curiosos sobre os 31 dias que o ex-presidente passou na cadeia:
Lula assistiu a um jogo do Corinthians na prisão

Romeu Tuma chegou a providenciar uma televisão para que Lula e outros presos assistissem a um jogo do Corinthians, seu time. Não tenho de me queixar da relação que tive com o Tuma no tempo em que fui preso, disse.
Lula se opôs à greve de fome

Dos 31 dias em que esteve no cárcere, Lula fez greve de fome durante seis. Mas, no depoimento, ele afirmou que foi contrário à prática. Sempre fui contra greve de fome, judiar do meu próprio corpo não é comigo, mas o pessoal decidiu, afirmou.
Fez assembleia com investigadores

Segundo Lula, o discurso típico do sindicalismo cativou os investigadores. O fato de ser sindicalista e estar brigando por melhores condições de vida criou simpatia com os investigadores, disse.
O ex-presidente contou que, um dia, chegou a deixar Tuma muito nervoso porque ele estaria fazendo assembleia com os funcionários do DOPS.
A princípio, ele tinha divergências com a militância política

Apesar de atuante no movimento sindical, Lula afirmou que tinha divergências com a militância política – a começar por seu irmão mais velho, José Ferreira de Melo, o Frei Chico, que era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Eu dizia para o Frei Chico assim: ‘O que você faz escondido, eu faço na porta da Volkswagen', disse.
Lula foi vigiado durante 3 anos antes de ser preso

As investigações e o monitoramento de Lula começaram pelo menos três anos antes de ser preso. “Eles me vigiavam em cinema. Na assembleia, a gente notava que eles estavam lá. Às vezes, disfarçados no bar do sindicato. Na minha casa, por exemplo, eles paravam a perua na porta e passavam a noite, afirmou.
Segundo Lula, o fato virou até piada na família. Para encher o saco, a Marisa [Marisa Letícia, esposa de Lula] mandava fazer café e mandava levar para eles, disse.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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