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Eletrobras: Privatização contrária aos interesses nacionais

A privatização da Eletrobrás, anunciada pelo governo Temer, é uma medida irresponsável e contrária aos interesses nacionais. Afeta a segurança energética do país, ao permitir o controle de um setor estratégico por estrangeiros, e acarreta diretamente aumentos nas contas de luz, ao submeter a política da área apenas aos interesses de mercado.

O país perde a capacidade de planejamento, a energia passa a ser tratada como uma mercadoria e não mais como bem público, com todas as suas consequências.

Com o modelo atual, dos governos Lula e Dilma, o Brasil pôde atravessar a pior seca nas últimas cinco décadas, entre 2013 e 2014, sem ter nenhum apagão energético nem racionamento, como houve em 2001, com o governo FHC/PSDB. O modelo Lula/Dilma garantiu segurança, suprimento e redução de tarifas.

Desde 2004, expandimos a geração e a transmissão, de 80 mil MW, em 2002, para 133mil MW em 2014, crescimento de 65%. Foram implantados 43,5 mil km de linhas de transmissão. Nada disso ocorreria sem a Eletrobrás, que possui 31% da capacidade de geração, 47% das linhas de transmissão, controla 13 subsidiárias de geração, transmissão e distribuição de energia, e possui metade do capital de Itaipu Binacional — além de participação em outros empreendimentos.

A empresa faturou em 2016 R$ 60 bilhões, um crescimento de 86,4% em relação a 2015. Fundada há mais de 60 anos, nela já foram investidos cerca de R$ 400 bilhões. Só a hidrelétrica de Belo Monte custou mais de R$ 30 bilhões. Esses números mostram que há uma grande negociata em curso, pois o governo Temer pretende vender a Eletrobrás por R$ 20 bilhões.

É uma atitude criminosa contra o povo, e visa a favorecer grupos privados e os mesmos consultores que na década de 90 participaram e se enriqueceram com as privatizações do PSDB. São os mesmos que estão com Temer e querem o modelo do PSDB que em 2001 gerou o maior racionamento energético da história mundial em tempos de paz. Um desastre. A entrada de capital privado no setor não fez aumentar investimentos e nem melhorou a qualidade dos serviços. Fez, sim, aumentar as contas de luz.

Vender a Eletrobrás significa abrir mão do controle dos recursos hídricos, ativos cada vez mais valorizados num planeta ávido por água doce. O Estado tem que controlar os recursos hídricos, não empresas privadas. Nos EUA, 73% das hidrelétricas são do Estado (21% do Exército). São consideradas de segurança nacional. Lá, estrangeiros não entram.

O governo atual desvaloriza as estatais para entregá-las a preço de banana. Alega-se querer cobrir o rombo das contas públicas. Se a privatização de empresas públicas e riquezas nacionais fosse a solução, não teríamos déficit desde a privataria dos anos 90 de FHC. Onde estão os mais de R$ 100 bilhões daquelas privatizações?

fitratelp

Carlos Zarattini
Deputado Federal (PT-SP). Líder do PT na Câmara dos Deputados.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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