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Quatro anos do Golpe de 2016: um Documento para a História

Quatro anos do Golpe de 2016: um Documento para a

Por Marconi Burum Moura de Lima

No dia 10 de maio de 2016, Robson Medeiros, advogado, e eu[2], construímos junto uma Peça Jurídica que julgo totalmente necessária para servir aos estudos de nossas futuras gerações, seja no campo do Direito, da , da Sociologia, ou no campo da própria História. Trata-se do MANDADO DE SEGURANÇA 34.196 DISTRITO FEDERAL, impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) naquela data.

Coube ao Dr. Medeiros nessa Peça[3] a formatação e arguição na Ciência do Direito, seu escopo técnico, e a este que vos escreve aqui, propor parte do conteúdo sociológico e hermenêutico ao MS 34.196 DF.

Na síntese da presente Ação Judicial, quis o impetrante afirmar que, enquanto o vice-Presidente da República, Michel Temer não tomasse posse como Presidente em DEFINITIVO no cargo, isto é, a vacância não existisse concretizada, o agente em exercício ainda não possuía a competência privativa de NOMEAR MINISTROS DE ESTADOS, nos termos do Art. 84, da Constituição Federal de 1988.

“Destarte, como não há possibilidade jurídica de haver dois presidentes da república, simultaneamente, ocupando o mesmo cargo, é cristalino que o Impetrado ficará na Presidência da República em SUBSTITUIÇÃO temporária da Presidenta , e só, enquanto durar o processo do Impeachment no Senado Federal, por até 180 (cento e oitenta) dias, nos termos do Art. 86, § 2º da Constituição Federal de 1988, não podendo praticar os atos privativos da Presidenta da República, eleita democraticamente pela população.”[4]

Ainda na tentativa de interditar a ilegalidade potente, é notório que o vice-Presidente possuía outro Programa de Governo ao que o elegera na chapa Dilma-Temer. Trata-se da chamada “Ponte Para o Futuro”, uma agenda político-civilizatória desenvolvida em congresso do PMDB (partido de Michel Temer) que estava proposta a se impor como o “Recall eleitoral” – tabajara – instituído no Brasil naquele momento.[5]

A Peça em tela não logrou êxito (aliás, como nada de naquela época). Em 11/05/2016 o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, sorteado Relator ao MS, apresentou seu decisum: “nego seguimento ao mandado de ”. Porém, jamais entrou o mérito da questão, analisando apenas a competência autoral na preliminar e a conveniência deste magistrado para não-ativismo judicial, o que justificou para o não-provimento.

Esta é, sem dúvidas, uma pauta somente médio-superada. A argumentação e o mérito merecem e precisam ser analisados com rigor metodológico.

Somente avaliando nossos “vacilos” históricos podemos mudar a realidade fática corrente a fim de um extrato líquido de justiça e igualdade em nosso País.[6]

Segue abaixo o arquivo em PDF para sua pesquisa. Bons estudos!

[1] Mandado de Segurança nº 34.196 – DF: o Documento em PDF (Mandado de Seg_STF-34196_ImpedirTemer_Ministros).

[2] Evidentemente, por não ser advogado, não assino a Peça Jurídica, atuando apenas como consultor, conselheiro na elaboração do presente Mandado de Segurança.

[3] É importante reconhecer os atores que chancelam a presente Ação Judicial. Trata-se do Partido dos de Cidade Ocidental, por seu então presidente, o Sr. Paulo César Ramos.

[4] Trecho-síntese do MS 34.196 DF.

[5] Leia mais – no intento jurídico em cunha – sobre a “Ponte Para o Futuro”, vertente que ainda vigora no País e é diametralmente contrária ao projeto que o elegeu no sufrágio de 2014.

[6] Este expediente tem muito de um manifesto em defesa da , como princípio também da Segurança Jurídica e alicerce do de Direito. Por isso existe uma necessidade de deixar acessível o seu conteúdo aqui, pois remete a uma pesquisa a ressignificar nossa Estética Civilizatória em caráter intergeracional – para que não repitamos os flertes repentinos com esse autoritarismo colonial que teima ser essência em nossa consciência social.

Fonte:  Marconi Moura de Lima

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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