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Quem é você? Que se Identifica Com a Grosseria

Quem é você? Que se Identifica Com a Grosseria

Quem é você
Que se identifica
Com a grosseria,
Com a brutalidade
E com as mentiras
Contadas por aí?
Quem é você
Que se deixa influenciar
Por discursos absurdos
De plana,
Nazismo de ,
Ditadura sem ,
AI-5 para o bem?
Quem é você
Que nega a
Do seu país e do ,
Que apoia políticas de armar a população
Para garantir a sua ?
Quem é você
Que não enxerga os ataques covardes aos nossos direitos sociais
Mais fundamentais?
Quem é você
Que não se importa com os ataques aos servidores públicos desta Nação?
Quem é você
Que ignora a destruição
Do ambiente democrático
E as conexões do núcleo duro do poder com as milícias?
Quem é você
Que não vê o laranjal de corrupção exposto à sua frente?
Quem é você
Que defende tortura e torturador?
Quem é você
Que despreza a Declaração Universal Dos ?
Quem é você que finge
Desconhecer a banalização do mal?
Quem é você
Que passou a odiar o diferente?
Quem é você
Que passou a defender
A privatização dos serviços públicos e das nossas riquezas naturais?
Quem é você
Que não liga mais
Para a perda da nossa soberania?
Quem é você
Que, em nome de um Deus, passou a defender A eliminação daqueles que pensam diferente de você,
Passou a levantar a bandeira da crueldade,
Passou a normalizar
A ignorância e a falta de afetos?
Quem é você
Que não pensa mais no outro
E que não sabe mais amar?
Quem é você
Que se deixou “idiotizar”
Por um bando de imbecis e canalhas “de carteirinha”?
Quem é você
Que abandonou o plano da razão e se transformou num fanático fundamentalista
Do cinismo, da hipocrisia e das fakenews?
Quem é você
Que quer rasgar a nossa Cidadã e submeter toda a Nação
Às leis e à ordem do mercado?
Quem é você
Quando se Olha no espelho?
Você é um fascista,
Um cretino egoísta,
Que perdeu o caráter
Para a podridão ética e moral dessa gente que nos governa.
Você está entregue,
Cegamente,
À escrotidão do nosso

Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói – RJ
Nordestino

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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