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Remanescentes da Mata Atlântica: Livro reúne imagens da floresta original e das grandes árvores ainda existentes

Livro registra árvores gigantes centenárias da Mata Atlântica

Por: Mayra Rosa/ciclovivo

O livro Remanescentes da , do botânico Ricardo Cardim, reúne imagens da original, de seu processo de devastação e das grandes árvores ainda existentes. A obra registrou as maiores árvores ainda existentes na Mata Atlântica em expedições por cada um de seus principais .

A publicação reúne fotos e gravuras históricas que remetem à grande dimensão das árvores de então. Entre seus destaques, aparece o Jequitibá do Brejão, maior exemplar de que se tem registro na história, com 19,5 metros de circunferência.

O botânico Ricardo Cardim medindo um Jequitibá | Foto: Cassio Vasconcellos / Livro Remanescentes da Mata Atlântica

“(…) Essa exuberância pouco lembra a realidade da esmagadora maioria das florestas que alcançaram o terceiro milênio, chamadas de florestas secundárias, já degradadas de diferentes formas após séculos de saques. São formações jovens com o predomínio de árvores finas, com poucos estratos de árvores e arbustos abaixo do dossel, esvaziadas de sua fauna e já despidas dos grandes exemplares. Podem ser consideradas “sombras” da floresta original. Séculos de extração seletiva de madeira, , cortes rasos, rebrotas, invasões biológicas e outros fatores as transformaram”, explica o autor.

Figueira na Reserva Vale / ES | Foto: Cassio Vasconcellos / Livro Remanescentes da Mata Atlântica

O exemplar retrata todo o processo de devastação que restringiu a Mata Atlântica a pequenos fragmentos, que somados, ocupam um décimo do território original. Além disso, aborda também historicamente o uso de madeiras brasileiras em móveis, objetos e construções.

Remanescentes da Mata Atlântica

O registro de seis expedições em busca das grandes árvores ainda existentes é um dos pontos altos do livro. Além da beleza e imponência surpreendente desses exemplares, registradas nas fotos de Cássio Vasconcellos, a observação de sua ocorrência em cada ecossistema pelo autor e pelo colega botânico Luciano Zandoná dá pistas do atual da floresta e das condições que se perderam para sua vitalidade integral.

Ricardo Cardim ao lado de uma árvore centenária da Mata Alântica | Foto: Cássio Vasconcellos

Pouco estudada em seu aspecto histórico, a Mata Atlântica ganha com este inédito inventário visual um documento contundente a demonstrar a gravidade ecológica de sua situação atual.

Para saber mais sobre o livro, acesse.

Fotos cedidas para divulgação do Livro Remanescentes da Mata Atlântica / Fotógrafo: Cassio Vasconcellos

Mayra Rosa: Arquiteta e urbanista com formação em sustentável pela University of New South Wales, em Sidney, Austrália. Fundou o CicloVivo em 2010 com a proposta de falar sobre de forma divertida e descomplicada. Acredita que o bom exemplo é a melhor maneira de influenciar pessoas e que a simplicidade é a chave para vivermos em harmonia.

ANOTE: 

“No dia em que não houver lugar no para o índio, não haverá lugar para ninguém.” 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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