RPPN Linda Serra dos Topázios (Para Jaime)

RPPN Linda Serra dos Topázios (Para Jaime)

Jaiminho, você virou Cerrado. Que, como nós sabemos, é pura claridade”.

Querido Jaime:

Te conheci numa tarde besta dessas de 1992, quando você veio me ver naquele Opalão dourado, com a Dina e seus filhos. Andou por tudo, rios, rasgos, campos, grotas e veredas dos meus 484 hectares. Foi paixão à primeira vista e não houve hesitação. Aproveitou o casório da filha do meu antigo proprietário para repassar aos noivos a charmosa casa no centro de Rio Verde – obtida com um trabalho jornalístico – e então registrar o seu nome em minha escritura.

Bendito dia! Logo logo fui rebatizada com poesia – Linda Serra dos Topázios – e me tornei para sempre uma das primeiras Reservas Particulares do Patrimônio Natural do Brasil. Coisa de visionário.

Em Cristalina, capital dos pivôs de irrigação, a civilização da assistiu intrigada você plantar sementes diferentes, criando uma das únicas Unidades de Conservação dessas bandas. O interflúvio entre o ribeirão Topázios e o córrego Pedra Impé vem sendo então terra fértil nesses quase trinta anos.

Aqui brotaram e frutificaram , encontros, cursos, pesquisas, ideias. Surgiu o guia belíssimo sobre as Flores e Frutos do Cerrado, gerações de estudantes, pesquisadores, artistas e amantes da natureza percorreram minhas trilhas, banharam-se em minhas cachoeiras e absorveram os nossos ensinamentos. Você foi a minha voz, calma, firme, sempre jeitosa com todos que por aqui passam: ambientalistas e garimpeiros, ruralistas e assentados, boêmios e esportistas, militares e artistas, políticos e andarilhos.

Há uns dez anos, você veio morar aqui, bem no cantinho, cuidando mais de perto de mim, onde só o ruído das águas incomodava, como você gostava de brincar. E eu cuidei de você, te inspirei a escrever sobre temas socioambientais e louvando o . Você foi então consagrado um sertanejo de verdade, de a , de Goiânia a Cristalina.

Fomos nos tornando cada vez mais íntimos, ao ponto que agora eu estou em suas palavras e você habita a essência de minhas águas, bichos e matas. Jaiminho, você virou Cerrado. Que, como nós sabemos, é pura claridade.

Eternamente sua,

RPPN Linda Serra dos Topázios

Hoje o meu coração acordou cheio de saudades de alguém que foi muito especial pra mim e já não faz parte da minha – Ademilton Araújo Amador.

Como muitas pessoas de Cristalina, conheci a reserva Linda Serra dos Topázios quando menino, numa excursão da . Depois voltei mais vezes e continuo indo lá até hoje. A reserva traz reflexões ecológicas importantes para nós, cristalinenses. Jaime adquiriu este pedaço de terra para cuidar do Cerrado, dos rios, das pedras, das cachoeiras, do céu… em uma atitude pacífica e revolucionária no local do epicentro do brasileiro – André Brunckhorst.

No ano de 1994, li uma matéria no Correio Braziliense falando da RPPN Linda Serra dos Topázios, localizada no meu município de Cristalina. Procurei conhecer os proprietários, a Dina e o Jaime. Me contaram dos seus sonhos e objetivos. E ali pude constatar a importância da Reserva para influenciar gerações no intuito da preservação ambiental. Aconteceram cursos, pesquisas, observação dos astros e muita visitação. Foi ótimo ver a Reserva no seu nascimento. É importante preservar o legado do Jaime para Cristalina – Ivan Bispo

Há pessoas que se tornam tão especiais em nossas vidas, que nem a distância e nem a poeira do tempo são capazes de afastá-las de dentro da gente – Romilda Valeriano da Silva.


Salve! Taí a , edição 82, em homenagem ao Jaime Sautchuk, prontinha pra você! Gostando, por favor curta, comente, compartilhe. Boa !

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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