Saiba como apoiar a cultura e os direitos dos povos indígenas
Fique atento aos estereótipos pejorativos!
“Índio gosta de mandioca, usa cocar, e anda pelado. Mas hoje tem um monte de gente que se diz índio e não é mais: tem TV, carrão, usa roupa de marca.” Frases como essas estão por toda parte na internet, tenho certeza que já ouviu algo semelhante, pois esse estereótipo é um dos mais intrínsecos no senso comum brasileiro, fruto de uma educação escolar que ensinava (e ensina) o básico sobre a cultura indígena. Porém, não devemos perpetuar esse conhecimento e sim nos corrigir. Esses comentários além de serem racistas e preconceituosos, minimizam as diversas culturas indígenas.
O BRASIL CONCENTRA CERCA DE 300 ETNIAS INDÍGENAS
Em complementação ao primeiro tópico, é importante destacar que, segundo dados do Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, o Brasil registra mais de 150 línguas indígenas faladas no país e cerca de 1.693.535 habitantes indígenas, que representam em torno de 300 diferentes etnias.
Existem milhares de comunidades indígenas no Brasil, cada uma tem nome, história, suas culturas, saberes e costumes. Muitos indígenas escolhem continuar vivendo em suas comunidades, ainda existem povos isolados, outros preferem ir para universidade ou seguem carreiras públicas, como é o caso da Presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e a Deputada Federal Célia Xakriabá, entre muitos outros nomes.
Conheça os direitos indígenas
A Constituição Federal de 1988 consolidou muitos dos direitos indígenas, em grande parte devido à mobilização dessa população, destacada pelo famoso discurso de Ailton Krenak durante a Constituinte. A Carta Magna assegura os direitos originários dos povos indígenas sobre suas terras, que eles ocupavam muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Ao contrário das legislações anteriores, que visavam a assimilação das culturas indígenas, a Constituição de 1988 garantiu o direito à diferença, permitindo que esses povos expressem suas culturas conforme desejarem. Desde então, foram reconhecidos diversos outros direitos, como o acesso à educação e à saúde, que devem ser adaptados para promover a autodeterminação desses povos.
Você pode conferir mais sobre outras legislações para os povos indígenas no portal da Funai.
Muita terra para pouco indígena? Não! Entenda:
O principal argumento para deslegitimar a demarcação de terras indígenas é o de que “há terra demais para pouca gente”.
É fundamental destacar que os povos indígenas não veem a terra apenas como uma fonte de renda, pois, cada um deles possuem formas diferentes de entender seu territórios, e essa conexão é sagrada e ancestral.
Além disso, de acordo com um estudo da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), os Povos Indígenas representam 5% da população global, mas suas terras abrigam 80% da biodiversidade mundial. Em outras palavras, as Terras Indígenas e o trabalho dedicado das comunidades que nelas residem constituem a principal defesa contra o desmatamento e a degradação ambiental, que têm impactos negativos sobre a vida em todo o planeta.
APOIE AS ARTES INDÍGENAS
Os artesanatos indígenas refletem beleza e muita riqueza cultural. Além de ajudar a fortalecer a cultura indígena, você também contribui financeiramente com a comunidade!
Se você não tiver acesso facilitado a esses artesanatos em sua região, muitas comunidades atuam também nas redes sociais vendendo suas artes, como a Patikumartesanato, Loja Kabu, Tukum, Artesanato Kamayurá, e entre outras.
Siga e escute as lideranças indígenas. Fique atento às principais pautas indígenas
Diversos nomes indígenas de destaque e referência estão em evidência no Brasil, principalmente no cenário político, como Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Raoni Metuktire (o cacique Raoni), Joenia Wapichana e Sônia Guajajara. Contudo, apesar de toda a sabedoria e conhecimento que eles e elas possuem, ainda há muita luta pela frente para que essas vozes sejam potencializadas e ouvidas.
Acompanhar as redes sociais da Revista Xapuri e fique por dentro das principais pautas.
Consuma com consciência
Atualmente, a produção agropecuária predatória, a mineração, a geração de energia e a especulação imobiliária são algumas das principais ameaças aos povos indígenas em todo o Brasil. Verifique como as marcas que você costuma comprar lidam com os direitos indígenas e, se tiver dúvidas, não hesite em perguntar. O direito à informação é assegurado aos consumidores, o que significa que você pode sempre questionar seu supermercado, açougue e loja de materiais de construção sobre a origem dos produtos que está adquirindo. Caso não esteja satisfeito com a postura da marca, procure alternativas.
Apoie os povos indígenas!
Os povos indígenas foram historicamente perseguidos, silenciados, assassinados e marginalizados no Brasil. Ficar atento aos assuntos elencados pode ajudar a transformar esse cenário, possibilitando que as populações preservem seus saberes culturais e garantam mais espaço na sociedade, principalmente em relação aos seus direitos.
O Marco Temporal ainda está em intenso debate entre o Legislativo e o Judiciário, enquanto as comunidades vulneráveis sofrem em suas terras. Esse é um problema histórico e Estatal que merece ser tratado com mais seriedade, competência e técnica.
Além do Congresso ter aprovado a o Marco Temporal, mesmo após a determinação de inconstitucionalidade no STF, o Legislativo segue com novas tentativas contra a própria Constituição, que prevê aos indígenas o direito pétreo às suas terras tradicionais.
Diga não ao Marco Temporal! Não à PEC 48!
Com informações da CIMI. Capa: Tiago Miotto.