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SAIBA COMO APOIAR A CULTURA E OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

SAIBA COMO APOIAR A CULTURA E OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

Saiba como apoiar a cultura e os direitos dos povos indígenas

No dia 9 de agosto é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Uma data para comemorar a existência e resistência dos povos originários, além de refletir sobre os seus direitos constitucionais e ancestrais
 
Por Revista Xapuri/Redação
 
Além da celebração, esta data, bem como o 19 de abril, também tem o objetivo de trazer mais reflexões quanto ao cenário atual para os indígenas no Brasil, principalmente com a pressão dos ruralistas e parlamentares que são pró o marco temporal e seguem ameaçando os direitos indígenas, resguardados na Constituição Federal de 1988. 
 
Infelizmente, para além dos ataques violentos em campo e no legislativo, os povos indígenas sofrem preconceitos e são alvos frequentes de manchetes sensacionalistas.
 
Sendo assim, separamos algumas informações, atitudes e ações que ajudam a valorizar e apoiar a causa indígena:

Fique atento aos estereótipos pejorativos!

“Índio gosta de mandioca, usa cocar, e anda pelado. Mas hoje tem um monte de gente que se diz índio e não é mais: tem TV, carrão, usa roupa de marca.” Frases como essas estão por toda parte na internet, tenho certeza que já ouviu algo semelhante, pois esse estereótipo é um dos mais intrínsecos no senso comum brasileiro, fruto de uma educação escolar que ensinava (e ensina) o básico sobre a cultura indígena. Porém, não devemos perpetuar esse conhecimento e sim nos corrigir. Esses comentários além de serem racistas e preconceituosos, minimizam as diversas culturas indígenas.

O BRASIL CONCENTRA CERCA DE 300 ETNIAS INDÍGENAS

Indigenas
Foto: Reprodução/Internet

Em complementação ao primeiro tópico, é importante destacar que, segundo dados do Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, o Brasil registra mais de 150 línguas indígenas faladas no país e cerca de 1.693.535 habitantes indígenas, que representam em torno de 300 diferentes etnias.

Existem milhares de comunidades indígenas no Brasil, cada uma tem nome, história, suas culturas, saberes e costumes. Muitos indígenas escolhem continuar vivendo em suas comunidades, ainda existem povos isolados, outros preferem ir para universidade ou seguem carreiras públicas, como é o caso da Presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e a Deputada Federal Célia Xakriabá, entre muitos outros nomes. 

Conheça os direitos indígenas

A Constituição Federal de 1988 consolidou muitos dos direitos indígenas, em grande parte devido à mobilização dessa população, destacada pelo famoso discurso de Ailton Krenak durante a Constituinte. A Carta Magna assegura os direitos originários dos povos indígenas sobre suas terras, que eles ocupavam muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Ao contrário das legislações anteriores, que visavam a assimilação das culturas indígenas, a Constituição de 1988 garantiu o direito à diferença, permitindo que esses povos expressem suas culturas conforme desejarem. Desde então, foram reconhecidos diversos outros direitos, como o acesso à educação e à saúde, que devem ser adaptados para promover a autodeterminação desses povos. 

Você pode conferir mais sobre outras legislações para os povos indígenas no portal da Funai. 

Muita terra para pouco indígena? Não! Entenda:

O principal argumento para deslegitimar a demarcação de terras indígenas é o de que “há terra demais para pouca gente”.

É fundamental destacar que os povos indígenas não veem a terra apenas como uma fonte de renda, pois, cada um deles possuem formas diferentes de entender seu territórios, e essa conexão é sagrada e ancestral. 

Além disso, de acordo com um estudo da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), os Povos Indígenas representam 5% da população global, mas suas terras abrigam 80% da biodiversidade mundial. Em outras palavras, as Terras Indígenas e o trabalho dedicado das comunidades que nelas residem constituem a principal defesa contra o desmatamento e a degradação ambiental, que têm impactos negativos sobre a vida em todo o planeta.

APOIE AS ARTES INDÍGENAS

Os artesanatos indígenas refletem beleza e muita riqueza cultural. Além de ajudar a fortalecer a cultura indígena, você também contribui  financeiramente com a comunidade!

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Arte de mulheres indígenas do povo Kayapó — Foto: Instituto Kabu

Se você não tiver acesso facilitado a esses artesanatos em sua região, muitas comunidades atuam também nas redes sociais vendendo suas artes, como a Patikumartesanato, Loja Kabu, Tukum, Artesanato Kamayurá, e entre outras.

Siga e escute as lideranças indígenas. Fique atento às principais pautas indígenas

Diversos nomes indígenas de destaque e referência estão em evidência no Brasil, principalmente no cenário político, como Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Raoni Metuktire (o cacique Raoni), Joenia Wapichana e Sônia Guajajara. Contudo, apesar de toda a sabedoria e conhecimento que eles e elas possuem, ainda há muita luta pela frente para que essas vozes sejam potencializadas e ouvidas. 

Acompanhar as redes sociais da Revista Xapuri e fique por dentro das principais pautas.

Consuma com consciência

Atualmente, a produção agropecuária predatória, a mineração, a geração de energia e a especulação imobiliária são algumas das principais ameaças aos povos indígenas em todo o Brasil. Verifique como as marcas que você costuma comprar lidam com os direitos indígenas e, se tiver dúvidas, não hesite em perguntar. O direito à informação é assegurado aos consumidores, o que significa que você pode sempre questionar seu supermercado, açougue e loja de materiais de construção sobre a origem dos produtos que está adquirindo. Caso não esteja satisfeito com a postura da marca, procure alternativas.

Apoie os povos indígenas!

Os povos indígenas foram historicamente perseguidos, silenciados, assassinados e marginalizados no Brasil. Ficar atento aos assuntos elencados pode ajudar a transformar esse cenário, possibilitando que as populações preservem seus saberes culturais e garantam mais espaço na sociedade, principalmente em relação aos seus direitos. 

O Marco Temporal ainda está em intenso debate entre o Legislativo e o Judiciário, enquanto as comunidades vulneráveis sofrem em suas terras. Esse é um problema histórico e Estatal que merece ser tratado com mais seriedade, competência e técnica. 

Além do Congresso ter aprovado a o Marco Temporal, mesmo após a determinação de inconstitucionalidade no STF, o Legislativo segue com novas tentativas contra a própria Constituição, que prevê aos indígenas o direito pétreo às suas terras tradicionais. 

Diga não ao Marco Temporal! Não à PEC 48!

Foto: Edgar Kanaykõ/ Cobertura colaborativa – Apib
Foto: Edgar Kanaykõ/ Cobertura colaborativa – Apib

Com informações da CIMI. Capa: Tiago Miotto.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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