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Salvador (BA) Sofre com Perda de Mata Atlântica

SALVADOR SOFRE COM A PERDA DE MATA ATLÂNTICA

Salvador (BA) Sofre com Perda de

Vegetação nativa é derrubada mesmo em áreas protegidas de Salvador, onde a urbanização saltou 250% em quatro décadas.

Por Aldem Bourscheit/O Eco

Na reportagem ‘Não olhe para o mar’ mostramos que a mancha urbana de Salvador (BA) saltou 250% desde 1985. A capital também é uma das menos arborizadas do país, mesmo estando na linha de frente para sofrer impactos da climática, como mais alagamentos, subida da temperatura e do nível do mar. Pois, nada disso freia a eliminação da Mata Atlântica soteropolitana. 

Uma empresa privada teria usado uma licença falsa para derrubar ao menos 2,12 ha numa área protegida, o Parque Ecológico do Vale Encantado, em outubro. Acabou autuada pela prefeitura municipal e pelo governo estadual e agora responde a inquérito movido pelo Ministério Público da Bahia.

Salvador (BA) Sofre com Perda de Mata Atlântica

O coletivo SOS Vale Encantado e as ongs Imaterra e Gambá detalham ainda os supostos crimes de desmate em encosta de alto declive, corte da mata ao redor de uma das lagoas do parque e destruição de moradas de animais ameaçados de , como o ouriço-cacheiro-preto. 

A reserva tem cerca de 100 ha e é uma das últimas grandes manchas de vegetação nativa da capital. Além de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o local pode se tornar um Refúgio de . A medida aguarda há quase 4 anos a assinatura da Prefeitura de Salvador.

Coordenador do Gambá, Renato Cunha ressalta que “em Patamares, por exemplo, as autorizações de supressão de vegetação avançam sobre um dos últimos remanescentes do verde da cidade, que garante menos aquecimento, menos alagamentos e mais qualidade do ar. Vivemos uma nova realidade do clima. Não dá para esperar”.

Aldem Bourscheit – Biólogo e Jornalista. Fonte: O Eco. Com informações do Gambá. Foto de capa: Gambá / Divulgação.

Salvador (BA) Sofre com Perda de Mata Atlântica

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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